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Notícias de EventosCharles Taylor e o debate liberais-comunitários:a necessidade de uma fusão cultural permanenteUma cálida manhã de outono euma plateia que lotou a sala IgnacioEllacuría e Companheiros, no InstitutoHumanitas Unisinos – IHU, marcou aprimeira conferência do filósofo canadenseCharles Taylor no Brasil em 24-04-2013 1 . Concentrando suas ideiasem torno do debate liberais-comunitários,o pensador iniciou sua falatrazendo a variedade de sentidos quetais conceitos costumam assumir emnossos dias. Isso porque as pessoaspartem de bases muito diferentespara abordar tal temática. A reportagemé de Márcia Junges.Na opinião de Taylor, é precisocompreender a influência do mundoanglo-saxão no debate liberais-comunitários.Assim, um dos autores fundamentaisnesse assunto é John Rawls(1905-2002) 2 , que inaugurou umaonda de estudos sobre o neoliberalismo.A série de teorias iniciada com Rawlsé normativa, e em seu caso é a teoriada justiça que ocupa lugar central,com o volumoso A teoria de justiça.Tocqueville 3 (1805-1859), grandepensador francês do século XIX, foielencado como um autor importantepara que se compreenda a democracialiberal, observa Taylor. “TantoRawls quanto Tocqueville estão preocupadosem analisar a sociedademoderna em relação às anteriores”. Efrisou: “Uma sociedade pode ser libe-1 A matéria foi publicada também no sítiodo Instituto Humanitas Unisinos – IHU.Confira no link http://bit.ly/10eNyc5.(Nota da IHU On-Line)2 Edição 45 da Revista IHU On-Line foidedicada a John Rawls. Confira no link:http://bit.ly/bf90Gu (Nota da IHU On-Line)3 Alexis Carlis Clerel de Tocqueville (1805-1859): pensador político e historiadorfrancês, autor do clássico A democraciana América (São Paulo: Martins Fontes,1998-2000). (Nota da IHU On-Line)EDIÇÃO 416 | SÃO LEOPOLDO, 29 DE ABRIL DE 2013ral sem ser democrática. Os regimesque buscavam igualar as massas eramterrivelmente autoritários”.Joseph Schumpeter 4 (1883-1950), pensador austríaco que migroupara os Estados Unidos após aSegunda Guerra Mundial, previa emsua teoria que a democracia continhaespaço para manter as pessoas emuma inatividade programada, umaespécie de apatia. Esse autor escrevesobre o medo de que o poder temde que as pessoas queiram participardemais da política, trazendo ideiasintolerantes e inconvenientes. Taisautores fazem uma espécie de preempçãosobre a “periculosidade” dademocracia, como se fosse melhor apolítica nos tempos da Inglaterra doséculo XVIII. Algo como “vamos entãodeixar as elites governarem”. A partirdisso percebemos que liberalismo edemocracia não andam de mãos dadasnecessariamente.Charles Taylor recuperou a ideiade tirania da maioria, tributária a Tocqueville,que alertava para o fato deque esta poderia tomar conta da sociedade.Tal posicionamento é recorrentena história norte-americana, como noperíodo de McCarty (1908-1957) e nopós-11 de setembro. Tocqueville, umdemocrata destacado, queria compatibilizardemocracia e liberalismo. Todaa tradição que chamamos de republicanismoé uma teoria que se preocupacom a república, a democracia autogo-4 Joseph Alois Schumpeter (1883-1950):foi professor de economia em 1909 naUniversidade de Czernovitz (atualmenteUcrânia), e, a partir de 1911, na Universidadede Graz. Em 1919 assumiu o postode Ministro das Finanças da RepúblicaAustríaca, permanecendo por poucosmeses nesta função. É considerado umdos importantes economistas da primeirametade do século XX.vernante a encontrar condições parasua saúde contínua.Em sua obra, Monstesquieu(1689-1755) 5 falava sobre a república,a monarquia e o despotismo. A razãoque mantém a monarquia viva é ahonra, e na república trata-se da virtude.Essas ideias influenciaram desdeRousseau (1712-1778) até HannahArendt (1906-1975), e se preocupamcom a saúde de uma democracia liberal,e não simplesmente com valoresem si. Esse é o estranho contexto noqual surge o debate liberais-comunitários,comenta Taylor.Sociedades de imigraçãoOs liberais de inclinação normativase depararam com várias objeçõesà sua teoria. Um sentido da palavracomunitarismo é a reação das pessoasa partir dessa tradição humanística cívicacontra o liberalismo simplesmentenormativo. Nos EUA fala-se em movimentocomunitário sem grande poderpolítico, mas com influência intelectualdestacada. Contudo, pondera Taylor,temos que observar de perto que emnome da liberdade as pessoas nãoacabem promovendo a ascensão decertos atos negativos. A saúde de umasociedade republicana fica periclitantequando se elevam empresas em vez depessoas. A reação republicana é de quedeveríamos ver as questões de liberdadenum contexto de responsabilidade.Outro sentido de liberalismo, bemdiferente e que usa o termo comunitarismo,é aquele que fala de comunida-5 Charles-Louis de Secondat (Barão deMontesquieu – 1689-1755): político, filósofoe escritor francês. Ficou famosopor sua Teoria da Separação dos poderes,atualmente consagrada em muitas dasmodernas constituições nacionais. Suaobra mais famosa é O espírito das leis.(Nota da IHU On-Line)IHU em Revista www.ihu.unisinos.br55

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