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Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

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Américo Facó: notas <strong>de</strong> acesso a uma obra perdidacho do livro Putirum (1968), Raul Bopp recorda: “Américo Facó tinha realizado,no Rio, o seu velho projeto <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r pelo país uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> divulgação<strong>de</strong> notícias”, informando-nos acerca do <strong>de</strong>sdobramento da Agência, já em1927, quando fundava uma sucursal em São Paulo, a ser dirigida por JaimeAdour. Dizia ainda Bopp que logo a Agência conseguira um razoável <strong>de</strong>staquena imprensa paulista, vindo sua se<strong>de</strong> a constituir-se em “um centro <strong>de</strong> reuniões<strong>de</strong> intelectuais e <strong>de</strong> figuras políticas dos mais variados matizes”.Américo Facó tornou-se assim um nome <strong>de</strong>stacado no tocante à articulação<strong>de</strong> assuntos culturais e políticos. A partir da iniciativa da Agência <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong>Notícias passou a colaborar com a revista Fon-Fon, sendo responsável por suapágina literária, e assumiu ainda o cargo <strong>de</strong> diretor da seção <strong>de</strong> enciclopédias edicionários do Instituto Nacional do Livro. Tinha consolidada então umacarreira jornalística, na qual os versos parnasianos da primeira década do séculojá não importavam em absoluto, sem que isto significasse, por outro lado,que houvesse abdicado <strong>de</strong> sua inclinação poética.Em 1946, surpreen<strong>de</strong> com a publicação <strong>de</strong> Sinfonia Negra (Livraria EditoraZelio Valver<strong>de</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro), livro dado pela crítica como sendo <strong>de</strong> narrativas,mas que na verda<strong>de</strong> se trata <strong>de</strong> uma prosa poética carregada <strong>de</strong> inconfundívelpo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sugestibilida<strong>de</strong> em suas imagens. Sinfonia Negra retoma e sedimentaa temática já abordada anteriormente por Jorge <strong>de</strong> Lima (Poemas Negros)e Raul Bopp (Urucungo), escritos esses ali pelo final dos anos 20, surpreen<strong>de</strong>ndonão somente pela força imagética como por suas variações rítmicas e o usoentrelaçado <strong>de</strong> prosa poética, relato fabulista e versos brancos.Anos <strong>de</strong>pois, em 1951, teríamos uma cuidadosa edição da JoséOlympio <strong>de</strong> seu livro Poesia Perdida, com ilustrações fascinantes <strong>de</strong> Chin,on<strong>de</strong> o autor apresenta-se já distante da influência inicial do Parnasianismosobre sua obra, mostrando um estilo maduro e próprio, resultante daspredileções simbolistas e do diálogo com seus pares mo<strong>de</strong>rnistas. Em crônicada época, referiu Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> que, “com seu livrobelíssimo, Américo Facó se incorpora à linhagem dos mais altos poetasportugueses e brasileiros”.167

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