12.07.2015 Views

Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

José Thomaz Nabuco, filhopa, como correspon<strong>de</strong>nte do Jornal do Commercio, e se tornou <strong>de</strong>pois seu secretárioparticular. A bordo, emprestou ao presi<strong>de</strong>nte eleito o primeiro volume <strong>de</strong>Um Estadista do Império, que acabara <strong>de</strong> chegar às livrarias, com a sugestão <strong>de</strong> queaproveitasse o tempo da longa travessia para lê-lo.Campos Salles ficou entusiasmado com a leitura do livro <strong>de</strong> Nabuco, quefora seu colega na Câmara dos Deputados do Império, nos anos 80, e lamentouque ele insistisse em se manter afastado da vida pública por fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> àMonarquia e que a República não pu<strong>de</strong>sse contar com seus serviços.Tobias Monteiro, cuja admiração por Nabuco vinha da adolescência, nãose esqueceu do comentário e, quando, um ano <strong>de</strong>pois, surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> se submetera arbitragem a questão dos nossos limites com a então Guiana Inglesa,logo procurou convencer Nabuco <strong>de</strong> que ele <strong>de</strong>veria ser o advogado do Brasilnessa arbitragem, alegando que seria um serviço apolítico à nação que Nabuconão po<strong>de</strong>ria negar-se a prestar a pretexto <strong>de</strong> ser monarquista, já que se tratava<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nosso território da cobiça estrangeira.Lembra Tobias, em artigo em O Jornal referido por Carolina Nabuco emsua biografia do pai:Eu sempre consi<strong>de</strong>rara que Nabuco só po<strong>de</strong>ria entrar para o serviço públicopor uma larga porta <strong>de</strong> patriotismo, pela qual pu<strong>de</strong>ssem passar os seusescrúpulos políticos. Tratava-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o território. Nem Nabucoaceitaria uma missão ordinária, mero emprego.Tobias conta em seguida o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> Campos Salles ao autorizá-lo a sondaro amigo: “arranje você tudo isso e merecerá uma medalha <strong>de</strong> ouro”.Nabuco concordou que não havia incompatibilida<strong>de</strong> entre as suas i<strong>de</strong>iaspolíticas e uma missão <strong>de</strong>ssa natureza, mas disse a Tobias que “não era ele ohomem próprio para <strong>de</strong>sempenhá-la, nem <strong>de</strong>sejaria ver-se forçado a aceitá-la,antes <strong>de</strong>le havia Rio Branco”.Só <strong>de</strong>pois da prevista recusa <strong>de</strong> Rio Branco, então muito envolvidocom o litígio da Guiana Francesa, ace<strong>de</strong>u Nabuco em aceitar o convite <strong>de</strong>148

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!