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Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

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Reflexões sobre a poesia migrante na Itáliaimpregna <strong>de</strong> uma força e <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que falta, por vezes, à própria poesiaitaliana contemporânea, como sublinham muitos estudiosos.A componente dolorosa <strong>de</strong> tal produção está ligada à experiência da migração,que muitos <strong>de</strong>stes autores vivem por imposição econômica, política oupor outros motivos. Afirma, <strong>de</strong> fato, Edward W. Said que, apesar da aura àsvezes romântica e quase heroica com que se consi<strong>de</strong>ram, nas artes e na literatura,o exílio e a figura do exilado, o exílio é uma experiência permanente e insanável<strong>de</strong> fratura, <strong>de</strong> perda e <strong>de</strong> abandono, uma espécie <strong>de</strong> morte em vida: “I sucessi<strong>de</strong>ll’esilio sono permanentemente inficiati dalla perdita di qualcosa che ci si è lasciati persempre alle spale”. 18 [Os sucessos do exílio são permanentemente invalidados pelaperda <strong>de</strong> algo que se <strong>de</strong>ixou para sempre para trás].O fato <strong>de</strong> que se consiga ver algo <strong>de</strong> positivo em tal experiência humanatraumática se <strong>de</strong>ve ao papel e ao trabalho <strong>de</strong> poetas e escritores:Questi e molti altri poeti e scrittori in esilio restituirono dignità a una condizione giuridicamentecreata per negare dignità – negare un’i<strong>de</strong>ntità alle persone. Dal loro esempio appareevi<strong>de</strong>nte che per concentrarsi sull’esilio come pena politica contemporanea, si <strong>de</strong>bbano mappareterritori di esperienza che vanno al di là di quelli tracciati dalla letteratura <strong>de</strong>ll’esilio in sé. 19[Estes e muitos outros poetas e escritores em exílio restituíram dignida<strong>de</strong>a uma condição juridicamente criada para negar dignida<strong>de</strong> – negar umai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> às pessoas. Pelo exemplo <strong>de</strong>les, é evi<strong>de</strong>nte que, para concentrar-sesobre o exílio como pena política contemporânea, se <strong>de</strong>vem mapearterritórios <strong>de</strong> experiências que vão muito além dos traçados pela literaturado exílio em si.]Ora, dissemos no início que os escritores migrantes, com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>re<strong>de</strong>finir uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, que é complexa e híbrida, constroem um novo tem-18 SAID, E. W. “Riflessioni sull’Esilio”, op. cit., p.127. Todas as traduções, quando não indicadodiversamente, são <strong>de</strong> minha autoria.19 SAID, E. W., op. cit., p. 129.185

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