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Prosa 3 - Academia Brasileira de Letras

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Vera Lúcia <strong>de</strong> Oliveiraque em português, razão pela qual, segundo ele, “não é dado ter duas línguasmaternas. A da pátria conta mais que a da mãe”. 12Outros autores, entre os quais po<strong>de</strong>mos citar Helga Schnei<strong>de</strong>r e Julio MonteiroMartins 13 , escritores <strong>de</strong> sucesso na Itália, instauram com o novo idioma umarelação tão forte que começam, conscientemente ou não, a “esquecer” a línguamaterna. Essa remoção é por vezes percebida e até <strong>de</strong>scrita por muitos <strong>de</strong>les:Se tu mi domandi se oggi l’Italiano è la mia seconda lingua, io ti rispon<strong>de</strong>rò quello che per meè l’ovvio: che l’Italiano è invece la mia prima lingua. Perché prima lingua è quella in cui lo scrittorescrive, ma non solo, in cui l’uomo che fa il mestiere di scrittore sogna, si arrabbia, dice unaparolaccia quando inceppa in un sasso, balbetta per se stesso parole “innamorate” che avrebbe<strong>de</strong>tto a certe donne amate proprio in quella lingua. È la lingua <strong>de</strong>i loro figli, che diventano i loromaestri. Così, a mio parere, la prima lingua non è la lingua <strong>de</strong>lla nascita, ma la lingua <strong>de</strong>llavita, la lingua <strong>de</strong>ll’unico tempo visibile e palpabile: il tempo presente, l’unico punto accessibile <strong>de</strong>lflusso <strong>de</strong>lla vita. La lingua <strong>de</strong>i ricordi non può essere più la prima lingua, così come non lo saràla lingua <strong>de</strong>i progetti, <strong>de</strong>i piani <strong>de</strong>l futuro, progetti di spostamenti. Dunque, niente è più naturaleper me che scrivere in Italiano. Scrivo nella mia lingua. Punto e basta 14 .[Se você me pergunta se hoje o italiano é minha segunda língua, respon<strong>de</strong>reidizendo o que para mim é óbvio: que o italiano é minha primeira língua.Porque a primeira língua é aquela em que o escritor escreve, mas é tambémaquela em que o homem que exerce a profissão <strong>de</strong> escritor sonha, temraiva, diz um palavrão quando tropeça em uma pedra, balbucia para si mesmopalavras “apaixonadas” que po<strong>de</strong>ria ter dito a certas mulheres amadasnessa mesma língua. É a língua dos seus filhos, que se tornam os seus mestres.Assim, na minha opinião, a primeira língua não é a do nascimento, mas12 Ibi<strong>de</strong>m.13 Ver, a tal propósito, o meu ensaio “O Lugar e a Língua”. In: Revista <strong>de</strong> Italianística, Departamento <strong>de</strong><strong>Letras</strong> Mo<strong>de</strong>rnas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, <strong>Letras</strong> e Ciências Humanas, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, n.XIV, 2006. pp. 97-114.14 MONTEIRO MARTINS, J. “Il Brusio <strong>de</strong>l Mondo”. In: BREGOLA, Davi<strong>de</strong>. Da qui Verso Casa, KúmáLettere Migranti, 2002. pp. 104-127 (116).182

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