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Miguel Borges - Universia Brasil

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Um dos nós do Cinema Novo era esse, ele cultivavaum mega-gênero difícil, o político ou social, massem gênero definido. Pois mesmo sendo político,você teria que ter o gênero tradicional definido,é uma comédia política, um drama político, umdocumentário político, e o Cinema Novo não tinhaisso, era confuso já na proposta do gênero.Alguém disse que eu faço cinema de autor dentrode esquemas comerciais, então vou contar uma história.Certa vez conversando com o Júlio Bressane,ele era muito jovem, eu o conheci pouco depois doRogério Sganzerla, numa época que o cinema estavatão entranhado neles, dinamicamente, que elesconversavam tudo filmando, enquadrando com amão – e saí com eles e fiz a mesma coisa, entrei noônibus e enquadrava o cobrador com a mão, paravapara tomar um cafezinho e enquadrava a xícaracom a mão, uma câmera imaginária. E Júlio diziaque o cinema de autor era fundamental, que elenão tinha preocupação nenhuma com o resultadode bilheteria, que ele queria se expressar e tal; eeu disse ao Júlio que achava aquilo admirável, quegostaria de poder fazer aquilo, mas que aconteciao seguinte: minha família morava muito longe ese eu não me defendesse eu morreria de fome,diferente deles, que tinham as famílias pertinho;não sei se rica, mas abastadas, digamos. Então eusempre me escondi atrás da máscara de cineasta347

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