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Do erro de paralaxe à irrealidade cotidiana“mentir”, fotograficamente falando, como nunca antes.Em realidade, a pergunta que com mais freqüênciafazemos é: “existe alguma verdade nesta imagem?”Abole-se a distinção entre fato e ficção. Nada mais é oque parece ser.As imagens fotográficas são nossa linguagem, nossoprincipal meio de comunicação. “... funcionam como árbitrosda beleza, veículos de celebridade, agentes de propaganda, definidorasdo desejo, ícones da ambição e lembranças de nossa memória”.(HEIFERMAN, 1989, p.<strong>18</strong>). Nossa experiência cotidianacada vez mais é atravessada por imagens. Imagens quenos capturam na tela da televisão, do cinema, nas páginasdos jornais e revistas, nas prateleiras dos super mercados,nos outdoors espalhados pelas cidades. Confrontada a estasimagens, a experiência real adquire um ar de irrealidade,se torna banal. Se no passado estas imagens tiveram porfunção desvelar o mundo, hoje funcionam comobiombos,a velar a realidade.Por meio de formas atraentes, embalagens sedutoramenteapelativas (belos corpos atléticos são um ótimoexemplo, pois sabemos como vendem bem “qualquer”produto) o cotidiano é estetizado e povoa-se com iscasde sedução, tudo é táctil, palatável, colorido. A publicidadeerotiza o cotidiano com fantasias e desejos deposse, a carga erótica envolve pessoas e objetos impactandoo social— massagem narcísica.Forma-se um circuito perverso (SANTOS, 1997),a serviço da sedução: informação — estetização —erotização — personalização, cuja soma é o consumomaterializado no cotidiano. Este circuito controla osocial. Apresenta modelos e imagens que se massificamatravés dos media, fazendo-se o sangue do siste-Ano 10, nº <strong>18</strong>, 1º semestre de 2003105