Logos 18 - Logos - Uerj

Comunicação e experimentações com a linguagem na performancea fórmula, entre a mensagem que é ativada na fonte ea imagem estabilizada que é seu produto (...)”(BERGER, 1977, p.124) e cujo fluxo, no contexto deuma comunicação pragmática, é obstruída por umanecessidade permanente de previsibilidade e controle.É esse fenômeno que parece se dar na performance.A comunicação nela estabelecida tem como princípiouma quebra da representação. Ao funcionar como umcomposto de “arte-corpo-comunicação”, a performanceo faz em detrimento de uma compreensibilidadelinear e de uma significação que se estabelece no nívelda limitação dos códigos. Cria com isso, a possibilidadedaquilo que Berger chamou do funcionamento dalinguagem ao nível da comunicação “artística” ou“poética”. Nesta, a mensagem “não seria um dado enão estaria constituída nem no ato da emissão, nem datransmissão, nem finalmente na recepção, mas seconsubstanciaria no próprio ato de comunicar”(BERGER, 1977, p.132).Nesta concepção de comunicação, vislumbra-se apossibilidade de um novo arranjo entre os signos e asignificação de que uma mensagem pode ser portadora,arranjo este que é dado a cada novo olhar promover.Trata-se de uma comunicação onde o sentido não édado a priori, segundo uma regra esperada de decodificaçãoe que necessita, portanto, de um outro olharpara instaurar-se (e não para gerar significadosdefinidos): a mensagem e sua significação só seconstituem no arranjo que o outro olhar estabeleceno momento do encontro entre olhar e mensagem.O processo de produção de sentido é - e aí está suaparticularidade -, condicional sem ser, contudo, condi-Ano 10, nº 18, 1º semestre de 200323