Logos 18 - Logos - Uerj

Comunicação e experimentações com a linguagem na performancemomento de freqüentes questionamentos sobre o sentidoe a função da arte frente à sua crescente mercantilização.Em seu início, a performance foi um movimento deresistência a este processo de mercantilização, através douso recorrente de materiais não-artísticos (lixo, pedaçosde madeira e de papel, plásticos e objetos comuns) e dopróprio corpo para apresentações efêmeras e nãorepetidas,em locais alternativos. Como a arte conceitual,a performance representou mais uma experiência detempo e de espaço do que de produção de objetos dearte; o corpo se converteu num meio de expressão maisdireto: daí a importância dos happenings (intervençõesrápidas e relativamente simples) e da body art na época,que mais tarde dariam origem à performance.Em seu mapeamento, Renato Cohen reivindicapara o projeto formalístico da performance um toposde experimentação com a linguagem. Essa experimentaçãose caracteriza pelo uso da collage comoestrutura, pelo predomínio da imagem sobre o texto- que geralmente se apresenta desarticulado, fragmentado- e pela fusão de mídias.Para facilitar sua compreensão, definiremos estetopos de experimentação de uma forma que contradizsua própria natureza - que rejeita rotulações eapreciações estáticas e lineares. Isto, porém, se faznecessário para melhor descrevermos seu funcionamento.Embora a forma de apresentação da performanceseja mais credora das idéias vindas das artesplásticas do que do teatro, para compreender seufuncionamento, adotaremos a conceituação de JacóGuinsburg sobre a encenação, que caracteriza aexpressão cênica pela tríade “atuante-texto-público”.Ano 10, nº 18, 1º semestre de 200317