Logos 18 - Logos - Uerj

Charbelly Estrellafluxos urbanos e os convites ao olhar, mas conferea estas dinâmicas um caráter poético em umatentativa clara de “ganhar” da pressa inerente à vidacontemporânea, absolutamente gerenciada pelosfluxos do capital flexível. Não há aqui nenhumresquício ou tentativa de retomar a idéia de contemplaçãoprópria à cidade moderna. A contemplaçãoexige uma relação de tempo e espaço que não podemosencontrar mais nos grandes centros urbanoscontemporâneos do ocidente. Mas de alguma formao grafite relembra-nos a força criadora do olhar,porque ainda é na dimensão subjetiva do olhar quesomos capazes de perceber o emaranhado de corese a própria presença do grafite, apesar da diversidadede fenômenos que se tornam sensíveis no ambienteurbano – sons, cheiros, cores e luzes e outros. Algumasidéias aqui apontadas nos acompanharão duranteeste ensaio – como visualidade da cidade, suassuperfícies e “espacialidades”. Estaremos aqui trabalhandonão apenas com a idéia de espaço, sua virtualidadee projeção ideal e imaterial, mas sim coma hibridação entre a ideação e a construção imagéticado espaço – a materialidade arquitetônica da geometriavai dividindo lugar com a própria imagemdo material, ou ainda, com a própria dimensão imaterialda imagem. Neste sentido, as espacialidadesda cidade se constituem pelo encontro entre a materialidadeproduzida pelo cálculo geométrico e a produçãode imagem sobre as superfícies dessas materialidades.Este ponto de contato, esta imagem queestá ali, mas não pertence àquela construção cria,para nós, um vão de produção.130LOGOS 18: Comunicação e Artes