Dissertação de Mestra<strong>do</strong> em Integração da América Latina – PROLAMLuiz Fernan<strong>do</strong> Ferreira105autoconfiança pessoal. Tu<strong>do</strong> isso deveria ser apoia<strong>do</strong> por esforços nosenti<strong>do</strong> de fortalecer o setor informal e incrementar a participação deorganizações comunitárias. (CMMAD, 1991, p. 123)De acor<strong>do</strong> com Roquié (1991, p. 79), não se pode apenas aplicar os rigores da lei sobreas comunidades que desenvolvem atividades degrada<strong>do</strong>ras. Muitas vezes a proibição ounegociação para finalizar as atividades que garantem o sustento destas, pode acarretar perdaseconômicas que comprometem a sua sobrevivência, acentuan<strong>do</strong> ou promoven<strong>do</strong> a exclusãosocial das mesmas. O processo de sensibilização quanto à importância da conservação não éviável se não formos capazes de apresentar mecanismos ou programas alternativos quepermitam a inserção destas pessoas no merca<strong>do</strong> de trabalho, garantin<strong>do</strong> a manutenção daqualidade de vida identificada como ideal por estas comunidades.A capacitação é fundamental para profissionalização da atividade ecoturística e deveabranger além <strong>do</strong>s agentes e opera<strong>do</strong>res emissivos. Estes profissionais, de mo<strong>do</strong> geral, têmacesso ao ensino formal, como se pode constatar pelos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s neste trabalho,sobre a ampla oferta de cursos formais concentradas nos grandes centros urbanos tanto noBrasil como no Peru.A capacitação para o ecoturismo deve estar apoiada nos conhecimentos das ciências <strong>do</strong>turismo, da conservação e nos conhecimentos das comunidades tradicionais, deve envolvereducação 37 e treinamento 38 dentro <strong>do</strong> ensino formal e não-formal, considerar diferentescontextos e ser multi, inter e transdisciplinar. Deve refletir uma atividade que é formada poruma ampla gama de setores inter-relaciona<strong>do</strong>s que constituem a complexa teia <strong>do</strong> ecoturismo.De acor<strong>do</strong> com Morin (2000, p. 36) a complexidade se dá “quan<strong>do</strong> elementos diferentes sãoinseparáveis constitutivos <strong>do</strong> to<strong>do</strong> (como o econômico, o político, o sociológico, opsicológico, o afetivo, o mitológico), e há um teci<strong>do</strong> interdependente, interativo e interretroativoentre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o to<strong>do</strong>, o to<strong>do</strong> e aspartes, as partes entre si”.As experiências vivenciadas na capacitação para o ecoturismo no Brasil permiteminferir que caso as ações de capacitação não sejam levadas aos locais de destino <strong>do</strong>ecoturismo, as comunidades serão excluídas deste processo de desenvolvimento, pois aslimitações impostas pelas grandes distâncias, condição financeira, e de maneira geral, a baixa37 Educação: processo que dá ao indivíduo um conjunto de princípios, não aplicações detalhadas, mas ferramentas para interpretação, avaliação e análise de um novoconhecimento ao desenvolver suas capacidades críticas. A educação fornece uma perspectiva geral não específica de um setor. (Cooper, 2001, p. 173)38 Compreende-se como treinamento, neste trabalho, uma atividade específica que se concentra na aplicação detalhada de habilidades, freqüentemente práticas procuraequipar o “trainee” com habilidades definidas, como - emissão de bilhetes, recepção, condução de grupos em trilhas.Ecoturismo: Estágio no Brasil e Peru. Experiências Brasileiras em Capacitação
Dissertação de Mestra<strong>do</strong> em Integração da América Latina – PROLAMLuiz Fernan<strong>do</strong> Ferreira106escolaridade das comunidades anfitriãs, impedem o acesso destas ao ensino formal ofereci<strong>do</strong>,na maior parte <strong>do</strong>s casos, por instituições particulares nos grandes centros urbanos.5.1 – OFICINAS <strong>DE</strong> CAPACITAÇÃO EM ECOTURISMO: UMA METODOLOGIA <strong>DE</strong>PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO DOECOTURISMO NO BRASILA capacitação profissional é um <strong>do</strong>s primeiros passos para uma estratégia planejada dedesenvolvimento <strong>do</strong> ecoturismo. No Brasil o trabalho das Oficinas de Capacitação emEcoturismo - OCEs, centrada na questão <strong>do</strong> planejamento estratégico, foi o início de umprojeto de formação profissional que buscava a plena utilização <strong>do</strong> potencial brasileiro nosetor.A interpretação <strong>do</strong> ambiente e a informação de qualidade são a essência <strong>do</strong> produtoecoturístico. Esse conhecimento abrange muitas áreas como turismo, sociologia, educaçãoambiental e ecologia, entre outras. No Brasil, por ser uma linha empresarial bastante recente,atuan<strong>do</strong> em regiões que normalmente oferecem pouco apoio técnico, e por privilegiar ointeresse <strong>do</strong> turista pela natureza e cultura <strong>do</strong> destino, o ecoturismo tem na disponibilidade depessoal devidamente treina<strong>do</strong> e capacita<strong>do</strong>, um de seus maiores desafios. Entretanto, osempresários de sucesso na área atestam: “<strong>do</strong>s investimentos mais significativos em seunegócio, o treinamento de pessoal tem retorno garanti<strong>do</strong>”. (OFICINAS, 2000, p. 1)“O planejamento estratégico estabelece os grandes eixos ou bases para odesenvolvimento <strong>do</strong> turismo, poden<strong>do</strong> ser defini<strong>do</strong> como o instrumento destina<strong>do</strong> a apontar osobjetivos gerais <strong>do</strong> desenvolvimento com base local, as políticas públicas e as estratégias quenortearão os aspectos referentes aos investimentos tanto públicos quanto priva<strong>do</strong>s, que serãodestina<strong>do</strong>s ao uso e ao (re) ordenamento <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> território. Enquanto o planejamentono seu senti<strong>do</strong> tradicional pode vir de cima para baixo, como foi durante to<strong>do</strong> o regimeautoritário da ditadura militar, o planejamento estratégico na sua versão contemporânea não seconcebe sem a participação efetiva <strong>do</strong>s sujeitos locais e é através dele que se desenha oterritório e que este se consolida.” (RODRIGUES, 2002, p. 13)Ecoturismo: Estágio no Brasil e Peru. Experiências Brasileiras em Capacitação