REVISTA 4a. ed. 30.01.2017 - online

iografia
A biografia de Manoel da Nóbrega sob meu olhar
Manuel da Nóbrega foi um padre português, enviado ao Brasil
como chefe da primeira missão jesuítica, com o objetivo de converter, civilizar e
educar os indígenas e povoar as terras brasileiras. Nasceu em 18 de outubro de
1517, na região do Minho, ao norte de Portugal e morreu aos 53 anos, em
1570, no Rio de Janeiro, na mesma data de seu nascimento. Quando jovem,
estudou na Universidade de Salamanca, na Espanha, entre 1534 e 1538.
Depois, acabou transferindo-se para Coimbra, onde se tornou bacharel em
direito canônico, em 1539.
Em 1544, Manuel entrou para a Companhia de Jesus, recémfundada
por Inácio de Loyola. Depois de cinco anos de permanência, foi
designado pelo provençal dos jesuítas de Portugal para acompanhar Tomé de
Souza ao Brasil. Lá, desenvolveu trabalhos missionários, chegando a ser
considerado, além de jesuíta, o primeiro bandeirante, por ajudar a fundar o
colégio do Planalto de Piratininga, em terras ainda desconhecidas, onde se
desenvolveu São Paulo. O colégio é um dos principais monumentos que
preservam sua memória hoje.
O trabalho de conversão indígena começou com crianças, e entre
trocas culturais, aprenderam com elas a língua da terra. Com os adultos, iam
contra a poligamia e a antropologia, e para isso, buscavam o apoio de brancos
da Bahia. Para muitos jesuítas, o maior problema dos indígenas era a nudez,
mas não para Manuel. Ele tinha medo que seus ensinamentos fossem mal
vistos, pois havia homens que não se confessavam e outros que tinham muitas
mulheres.
O texto mais famoso que escreveu foi “Diálogo da conversão do
gentio”, de 1556/57. Como era o provençal dos jesuítas no Brasil, ele solicitou
muitas vezes que o governador geral proibisse a antropofagia e reunisse os
indígenas em missões da Coroa, mas ele não foi atendido. Irritado como estava,
escreveu o “Diálogo”. Ficou seriamente doente depois. Mesmo após sua morte,
um crítico literário, Alfredo Bosi, disse que esse texto é “um documento
notável pelo equilíbrio com que Manuel apresenta os aspectos ‘positivos’ e
‘negativos’ do indígena, do ponto de vista de sua abertura à conversão.”
Não se pode considerar que Manuel da Nóbrega tenha sido bem
um herói nem um vilão. Eu acho que ele foi uma pessoa comum, fazendo o
trabalho dele, o que a Bíblia dizia e o que era considerado certo sem eu tempo.
Mesmo tendo descoberto novas terras, ajudado a fundar São Paulo e
catequizado os indígenas, ele foi como qualquer outra pessoa de sua época.
Nicole Camargo
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