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• HISTÓRIAS<br />
H ISTÓRIAS<br />
cURITIBANAS<br />
Sete anos... é tradição<br />
Enfeites, luzes, árvores,<br />
toalhas, guirlandas.<br />
Esses são alguns exemplos<br />
de decoração, que<br />
todos os curitibanos seguem<br />
à risca. Ou quase<br />
todos. Roberta, personagem<br />
desta história, não.<br />
Para ela, o Natal não<br />
tinha tanta importância<br />
como para a maioria<br />
das pessoas. Ela havia<br />
se mudado, saído da<br />
casa dos pais há mais<br />
ou menos três meses,<br />
e não tinha nem panelas<br />
em casa, quem dirá<br />
enfeites de Natal. Ela<br />
nem pensou em comprar<br />
qualquer decoração,<br />
nem mesmo um enfeite<br />
na porta.<br />
Mas esta resistência<br />
estava para ser vencida.<br />
Assim que Roberta<br />
chegou na casa de sua<br />
mãe, Dona Jaquelinne,<br />
que era a animação em<br />
pessoa, aquela que contagia a todos com sua empolgação<br />
com o Natal e faz quase com que os outros acreditem em<br />
Papai Noel, viu a casa inteira linda, iluminada, decorada.<br />
Mas nada. Roberta falou: “E daí? Eu não quero decorar a<br />
minha casa”. Assim que Dona Jaquelinne ouviu isso surtou.<br />
“Como isso, menina? Tem que enfeitar a casa, sim. Amanhã<br />
nós vamos até o Centro de Curitiba comprar, pelo menos,<br />
uma árvore para sua casa.”<br />
Roberta ainda tentou argumentar, mas não teve jeito.<br />
Dona Jaquelinne estava decidida. No dia seguinte, lá foram<br />
as duas atrás de árvores,<br />
enfeites e luzes. Rodaram<br />
a Rua XV, entraram em<br />
todas as lojas, mas nada<br />
agradava a filha. Enquanto<br />
isso, Dona Jaquelinne<br />
ficava maravilhada com<br />
a decoração nas vitrines<br />
e comprava todos os enfeites<br />
que podia. No final<br />
do dia, Roberta estava<br />
cansada da via-sacra e<br />
Dona Jaquelinne cheia de<br />
sacolas. Roberta não havia<br />
comprado um alfinete<br />
vermelho sequer. Foram<br />
embora, Dona Jaquelinne<br />
animadíssima para enfeitar<br />
a casa com as novidades<br />
que havia comprado e<br />
Roberta crente que estava<br />
livre da decoração.<br />
Roberta resolveu visitar<br />
uma amiga depois do<br />
dia sem compras e quando<br />
chegou em sua casa,<br />
teve uma surpresa. Sua<br />
mãe havia enfeitado toda<br />
a casa: uma árvore linda com muitos enfeites, iluminada,<br />
tinha até neve artificial.<br />
Roberta ficou emocionada, até chorou, adorou sua<br />
casa toda natalina e, ainda, aliviada porque não teve<br />
esforço algum.<br />
Entretando Dona Jaquelinne avisou: “depois que monta<br />
a primeira vez, tem que montar sete anos seguidos. É a<br />
tradição.” Mal sabia ela que o espírito de Natal havia contagiado<br />
a filha Roberta, que nunca mais deixou de enfeitar<br />
a casa durante as festividades de final de ano.<br />
Ilustração: Fernanda Domingues<br />
DEZEMBRO 97