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vez.<br />
Ele saiu, fechando a porta atrás de si com cuidado.<br />
V<br />
– Livra-me, oh Senhor, dos homens maus; guarda-me dos homens<br />
violentos – entoou a sra. Olivera, com voz firme, embora um pouco<br />
desafinada.<br />
O que havia de determinado na sua voz fez com que Poirot se<br />
lembrasse imediatamente de Howard Raikes. Devia ser nele que ela<br />
estava pensando.<br />
Hercule Poirot fora com o seu anfitrião e a família à missa de<br />
domingo na igreja do povoado.<br />
Howard Raikes disse com uma ponta de sarcasmo:<br />
– Então o senhor sempre vai à igreja, sr. Blunt?<br />
Alistair murmurou alguma coisa sobre ser uma exigência que devia<br />
ser cumprida quando se estava no interior. Era preciso manifestar algum<br />
apoio ao pastor. O sentimento, tipicamente inglês, espantou o jovem<br />
americano e provocou em Poirot um sorriso compreensivo.<br />
A sra. Olivera tinha sabiamente acompanhado o seu anfitrião e<br />
obrigara a filha a fazer o mesmo.<br />
– Aguçaram a língua como as serpentes – cantavam os meninos do<br />
coro, num soprano agudo –, o veneno das víboras está sob os seus<br />
lábios.<br />
Os tenores e os baixos clamavam:<br />
– Guarda-me, oh Senhor, das mãos dos ímpios. Preserva-me dos<br />
homens violentos, que planejaram transtornar os meus passos.<br />
Hercule Poirot arriscava na sua voz de barítono:<br />
– Os soberbos armaram-me laços e cordas. Estenderam a rede ao<br />
lado do caminho. Puseram-me armadilhas.<br />
Sua boca continuou aberta.<br />
Ele viu, com toda a clareza, a armadilha em que, por pouco, não<br />
tinha caído!<br />
Como num transe, Hercule Poirot continuou de boca aberta, os<br />
olhos arregalados para o vazio. As pessoas todas se sentavam, e Jane<br />
Olivera foi obrigada a cutucar-lhe com o cotovelo e murmurar<br />
rispidamente: