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– Ah! É a isso que você se refere. O sr. Alistair Blunt parece estar<br />
acostumado a esse tipo de abordagem. Você imagina que ela estivesse<br />
sendo usada por Amberiotis? Não iria funcionar. Blunt se veria livre dela<br />
com uma simples contribuição. Ele não a teria convidado para passar<br />
um final de semana em Norfolk. Ele não é tão vulgar assim.<br />
Isso era tão óbvio que Poirot não pôde deixar de concordar. Depois<br />
de um ou dois minutos, Japp foi adiante com o seu apanhado da história<br />
da srta. Sainsbury Seale.<br />
– Só se o corpo dela foi submerso num tanque com ácido por algum<br />
cientista maluco. É um tipo de solução que costumam usar nesses<br />
livros. Mas vá por mim. Ideias como essa não têm pé nem cabeça. Se a<br />
mulher está morta, o corpo foi discretamente enterrado em algum lugar.<br />
– Mas onde?<br />
– Exatamente. Ela desapareceu em Londres. Não existem jardins<br />
em Londres, jardins propriamente ditos. Um pequeno sítio isolado para<br />
criação de galinhas, é isso o que estamos procurando!<br />
Um jardim! Poirot lembrou-se subitamente daquele jardim em<br />
Ealing, de canteiros retangulares, muito limpo e bem cuidado. Que<br />
fantástico seria se uma mulher estivesse ali enterrada! Mas a ideia era<br />
muito absurda, e ele resolveu ficar quieto.<br />
– E se não está morta, então onde está? – continuou Japp. Já se<br />
passou um mês, o retrato foi publicado nos jornais, circulou por toda a<br />
Inglaterra...<br />
– E ninguém a viu?<br />
– Ah, sim, muita gente a viu! Você não faz ideia de quantas<br />
mulheres sem juízo de meia-idade, vestindo tailleurs de casaco verdeoliva,<br />
existem por aí. Ela foi vista em navios de Yorkshire, em hotéis de<br />
Liverpool, em pensões de Devon e na praia, em Ramsgate! Meus<br />
homens têm gastado um bom tempo checando cada uma dessas<br />
informações. Elas serviram no máximo para que nos indispuséssemos<br />
com um número considerável de senhoras de meia-idade, todas elas<br />
acima de qualquer suspeita.<br />
Poirot estalou a língua, solidário.<br />
– E ainda assim ela é realmente autêntica – continuou Japp. –<br />
Quero dizer, às vezes nos deparamos com tipos que se fazem passar<br />
por aquilo que não são. Dizem ser o fulano de tal, quando o fulano de tal<br />
nem mesmo existe. Mas essa mulher existe mesmo, o passado dela é<br />
genuíno. Sabemos tudo sobre ela desde a infância. Ela tem levado uma<br />
vida perfeitamente normal, previsível, e de repente, sem mais nem