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dizer.<br />
Ele fez uma pausa e então, calmamente, sem alarde, mencionou<br />
três nomes. Um ministro da fazenda especialmente hábil, um industrial<br />
progressista e de visão larga, e um jovem político promissor que<br />
começava a chamar a atenção do público. O primeiro morrera numa<br />
mesa de operações, o segundo sucumbira a uma doença misteriosa,<br />
diagnosticada tarde demais, e o terceiro tinha morrido num<br />
atropelamento.<br />
– É relativamente fácil – disse o sr. Barnes. – O anestesista deu<br />
uma dose um pouco mais forte do anestésico. Bem, isso é uma coisa<br />
que pode acontecer. No segundo caso, os sintomas não eram<br />
imediatamente visíveis. A maioria dos clínicos gerais não os<br />
reconheceria. No terceiro, uma mãe dirigia apressada para pegar o filho<br />
doente. <strong>Uma</strong> história triste, o júri acabou por absolvê-la.<br />
Depois de um pequeno intervalo, ele continuou:<br />
– Todos casos que acontecem. E são rapidamente esquecidos. Mas<br />
posso lhe contar onde é que agora estão cada uma dessas pessoas. O<br />
anestesista é chefe de um laboratório de pesquisa de primeira classe,<br />
para o qual não faltam recursos. O clínico geral se aposentou. Tem um<br />
iate e uma casinha das mais confortáveis à beira de um lago do Broads.<br />
A mãe pode oferecer a todos os seus filhos uma educação de primeira<br />
classe, pôneis para andar nos finais de semana, uma belíssima casa no<br />
campo com jardins e pastagens.<br />
– Em qualquer profissão, em qualquer ramo de atividade, há<br />
sempre alguém pronto a se vender. O problema, no nosso caso, é que o<br />
sr. Morley não estava!<br />
– O senhor acha que foi isso o que ocorreu? – perguntou Poirot.<br />
– Sim. Não é fácil atingir uma pessoa importante. Elas são<br />
protegidas por todos os lados. Proezas automobilísticas são arriscadas<br />
e nem sempre funcionam. Mas, na cadeira de um dentista, estamos<br />
todos indefesos.<br />
Ele tirou o pincenê, limpou-o com o lenço e colocou-o de volta.<br />
Então disse:<br />
– Essa é a minha teoria! Morley se recusou a fazer o serviço. Ele<br />
sabia demais, entretanto, e por isso tiveram de pô-lo fora de circulação.<br />
– Mas quem?<br />
– Me refiro à organização por trás disso tudo. Para fazer o serviço,<br />
bastava uma única pessoa, é claro.<br />
– Quem?
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