edição de 24 de outubro de 2016

merCado
Corporação do futuro tem propósito
e preocupação além do lucro
Batalha das Estrelas, promovida por Trip Transformadores, reúne
lideranças de grandes empresas para pensar sobre novas relações
Cristiane Marsola
Uma empresa com propósito
seguido por meio da
verdade. Esta parece ser a definição
da corporação do futuro,
debatida pelos participantes
da Batalha das Estrelas,
promovida pelo movimento
Trip Transformadores, no último
dia 18, no Planetário do
Ibirapuera, em São Paulo. “O
propósito é o que faz você sair
da cama todo dia para realizar
coisas. Isso para mim tem um
valor muito grande. E o propósito
você não cria, você revela”,
conta Artur Grynbaum,
de O Boticário.
Com o objetivo de refletir
sobre o futuro das empresas
e sobre as mudanças na sociedade,
que estão ressignificando
as relações pessoais e
de trabalho, o evento reuniu
11 líderes que debateram em
formato de game show. Os
participantes responderam
a perguntas feitas pelos mediadores
Paulo Lima, sócio-
-fundador e presidente da Trip
Editora, e Lourenço Bustani,
consultor e empresário, além
de questões dos outros participantes
e da plateia.
Alexandre Borges, da Mãe
Terra, por exemplo, levantou a
questão de que as prioridades
estão mudando. “As pessoas
vão necessitar de mais significado
na vida. Hoje o jovem está
dizendo que o ícone de consumo
não é mais o carro. As pessoas
vão buscar mais diversão,
alegria. Essa mudança é um caminho
sem volta”, disse. Daniel
Izzo, da Vox Capital, defendeu
que os investimentos não terão
mais foco apenas no lucro.
“Capital, como qualquer outra
coisa, é energia. Está cada vez
mais claro que a alocação de dinheiro
não é só risco e retorno.
Quando você aloca capital ou
energia em algo, você está fazendo
uma aposta no que você
quer ver no mundo”, contou.
Claudia, da Coca-Cola: “Consumidor está empoderado e as instituições todas, em crise”
A mudança que ocorre na
sociedade atual e reflete nas
empresas foi foco importante
em alguns momentos do
debate. O fundador do fundo
de investimentos Vox Capital,
Daniel Izzo, questionou a
VP de Relações Corporativas
da Coca-Cola Brasil, Cláudia
Lorenzo, sobre a contradição
vivida pela marca, já que
o mundo caminha para uma
preocupação maior com saúde
e, segundo ele, a marca tem
um produto “controverso”.
“Hoje a gente tem um novo
jogo de poder. O consumidor
Divulgação
está empoderado e as instituições
todas, em crise. Uma
empresa como Coca-Cola que
carrega este peso, esta marca,
esta história, é óbvio que está
em xeque. O papel da sustentabilidade
está sendo levado a
sério. Todos estamos mudando:
os líderes, os liderados e
o contexto. Quem estiver antenado
vai junto. Porque o cidadão
está indo e as empresas
vão conseguir ir também. Agora
nós temos um produto que
tem açúcar e o açúcar é tido
como um bicho. Eu fui educada
que podia tudo, desde que
tivesse moderação, equilíbrio
e variedade. A conversa pode
ser mais equilibrada e menos
doida”, afirmou a executiva.
PubliCidade
O sócio e diretor-geral de
criação da AlmapBBDO, Luiz
Sanches, foi desafiado por Ricardo
Guimarães, da Thymus
Brading, a responder sobre o
futuro do consumo e da propaganda
no mundo em que a
informação caminha para ser
mais pura e mais precisa.
“O esquema antigo de acreditar
na propaganda não existe
mais. Ela é um reflexo da sociedade,
que hoje é fragmentada
pelas redes sociais. São
pequenos grupos de interesse
em comum que são extremamente
radicais. As marcas
passaram a ser um pouco mais
politicamente corretas na sua
maneira de se comunicar com
esses grupos porque ninguém
quer uma marca que fale mal
dele. Agora as marcas têm de
perambular por esse meio e
conseguir ser simpáticas. Ao
fazer isso, as marcas perdem
um pouco a personalidade,
que é o que faz elas especiais.
A gente precisa conseguir
aprender a conviver com essas
diferenças de opiniões e fazer
com que as marcas criem personalidades.
Que vai agradar
uns e desagradar outros. E os
que forem agradados vão ser
fãs das marcas. A propaganda
vai se tornar mais próxima das
pessoas”, falou Sanches.
A Batalha das Estrelas teve
patrocínio master de O Boticário
e copatrocínio de Coca-Cola
Brasil, Ben & Jerry’s, Santander
e Volkswagen, além de apoio
de AlmapBBDO, Academia de
Filmes, Gol e Suzano. Também
participaram do debate Daniela
Mignani, da GNT; Facundo
Guerra, do Grupo Vegas; Márcio
Utsch, da Alpargatas; Paulo
Sérgio Kakinoff, da Gol; e Roberto
Martini, da Flag.
20 24 de outubro de 2016 - jornal propmark