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edição de 24 de outubro de 2016

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última página<br />

Comzeal/iStock<br />

agência mais<br />

em conta<br />

Stalimir Vieira<br />

Apresentei um orçamento para um prospect<br />

e ouvi <strong>de</strong>le que estava procurando<br />

alguma coisa mais em conta. Por mais que<br />

eu tenha me esforçado para compreen<strong>de</strong>r<br />

o que seria “alguma coisa mais em conta”,<br />

não consegui extrair nada além <strong>de</strong> números.<br />

Vamos dizer que o meu orçamento fosse<br />

<strong>de</strong>z.<br />

Os argumentos contrários eram quatro,<br />

cinco, seis... Naturalmente não fechei negócio,<br />

mas tive uma i<strong>de</strong>ia. Fazer uma agência<br />

“mais em conta”. Funciona<br />

assim: o cliente pe<strong>de</strong> um orçamento<br />

<strong>de</strong> campanha. Você faz<br />

os cálculos do quanto custaria<br />

aquela campanha numa agência<br />

convencional. Digamos que<br />

o custo seria <strong>de</strong>z. Então, você<br />

apresenta um orçamento <strong>de</strong><br />

cinco. O cliente vai reagir: puxa,<br />

bem em conta, mas você me faria<br />

uns 10% menos? Sim, claro:<br />

4,50, tá bom? Fechado. Simples<br />

assim. Mas como é possível uma<br />

agência mais em conta? Ora, é<br />

óbvio: banindo a maldita i<strong>de</strong>ia. É isso: o<br />

que torna as agências caras são as i<strong>de</strong>ias.<br />

Eliminem-se as i<strong>de</strong>ias e as agências ficarão<br />

muito mais em conta.<br />

Digamos que o meu prospect <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> aprovar o orçamento, confortável, feliz<br />

e satisfeito, encomenda o primeiro job.<br />

Um anúncio <strong>de</strong> aniversário da sua loja. Ele<br />

criou uma promoção em que cada cliente<br />

que fizer compras naquele dia vai ganhar<br />

um presente surpresa. Quer um anúncio <strong>de</strong><br />

jornal. O prazo é o dia seguinte <strong>de</strong> manhã.<br />

Não me movo do lugar. Apanho um papel,<br />

um lápis, faço um <strong>de</strong>senho no formato do<br />

anúncio e escrevo: “O aniversário é nosso,<br />

mas quem ganha o presente é você”. Entrego<br />

ao cliente. Ele olha e <strong>de</strong>ita levemente a<br />

“Não tem<br />

i<strong>de</strong>ia Nova<br />

NeNhuma<br />

em lugar<br />

NeNhum! o<br />

que tem é o<br />

marketiNg da<br />

i<strong>de</strong>ia Nova”<br />

cabeça: não é meio batido? Empertigo-me<br />

na ca<strong>de</strong>ira: como assim, batido?<br />

Ele fica acabrunhado: é que eu já vi anúncio<br />

assim tantas vezes... Bato palmas: hello!<br />

Estalo os <strong>de</strong>dos, encarando seus olhos: e<br />

por que você acha que já viu tantas vezes?<br />

Ele <strong>de</strong>ita o corpo para trás, meio assustado.<br />

Soco a mão sobre o papel: porque funciona,<br />

sacou? Senão não repetiriam, ora essa.<br />

Alguém é idiota? Ele parece concordar, mas<br />

arrisca um pedido: mas será que não dá<br />

para pensar outra i<strong>de</strong>ia nova?<br />

Levo as mãos à cabeça: i<strong>de</strong>ia<br />

nova? Que i<strong>de</strong>ia nova, meu amigo?<br />

On<strong>de</strong> você viu i<strong>de</strong>ia nova?<br />

Fale-me uma i<strong>de</strong>ia nova que eu<br />

provo a você que é a mesma que<br />

já foi feita pelo menos <strong>de</strong>z vezes<br />

nos últimos cinco anos. Não só<br />

na propaganda, no cinema, nos<br />

livros, nas novelas, nos programas<br />

humorísticos, nos discursos<br />

dos políticos, nos cultos das<br />

igrejas. Conversa!<br />

Não tem i<strong>de</strong>ia nova nenhuma<br />

em lugar nenhum! O que tem é o marketing<br />

da i<strong>de</strong>ia nova. Que é uma i<strong>de</strong>ia velha numa<br />

nova embalagem, tá enten<strong>de</strong>ndo? E você<br />

paga a embalagem. Por isso, fica tão caro.<br />

Aqui na agência mais em conta não tem<br />

essa enganação. Não tem nem embalagem.<br />

É tudo a granel, você traz a própria sacolinha<br />

e leva o quanto precisa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia velha<br />

pelo mesmo preço.<br />

Abro uma pasta e esparramo alguns<br />

layouts sobre a mesa: tá vendo aqui? Todo<br />

o mistério do oriente em sabores irresistíveis.<br />

Tô só esperando um restaurante árabe<br />

passar na porta que o anúncio está pronto.<br />

E este: o amor traduzido em fragrâncias.<br />

Perfeito para uma loja <strong>de</strong> perfumes. Você<br />

conhece alguma?<br />

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing<br />

stalimircom@gmail.com<br />

62 <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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