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VendaMais-264-Indicadores-de-performance-na-pratica

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como funcio<strong>na</strong> a biologia huma<strong>na</strong>. Não basta simplesmente<br />

saber li<strong>de</strong>rar. Saber li<strong>de</strong>rar é uma coisa. Enten<strong>de</strong>r<br />

como funcio<strong>na</strong> a biologia huma<strong>na</strong> vai além <strong>de</strong><br />

tudo isso. A gente precisa fazer menos festa, trabalhar<br />

menos a emoção propriamente dita e trabalhar mais<br />

clareza nos processos, trazer um pouco mais a razão<br />

para dar equilíbrio a todo esse processo.<br />

Que tipos <strong>de</strong> erros são cometidos por lí<strong>de</strong>res que ainda<br />

não enten<strong>de</strong>ram a importância <strong>de</strong> seguir as orientações<br />

da neuroli<strong>de</strong>rança?<br />

Vou dar um exemplo que mostra isso muito claramente:<br />

por muito tempo se falou sobre a importância <strong>de</strong><br />

investir em relacio<strong>na</strong>mento com os colaboradores. E<br />

aí as empresas começaram a <strong>de</strong>senvolver algumas<br />

ações <strong>de</strong> endomarketing e isso em certo ponto se<br />

per<strong>de</strong>u, virou a única gran<strong>de</strong> linha <strong>de</strong> condução da<br />

li<strong>de</strong>rança. É verda<strong>de</strong> que muitas ações nesse campo<br />

são extremamente importantes e precisam ser feitas.<br />

Outras, porém, são <strong>de</strong>snecessárias e po<strong>de</strong>m ser até<br />

mesmo prejudiciais.<br />

Peguemos como exemplo os lançamentos <strong>de</strong> metas<br />

que acontecem em resorts. A empresa leva todo<br />

mundo para um hotel incrível, faz uma gran<strong>de</strong> festa<br />

<strong>de</strong> lançamento das metas, e o que acontece? Ninguém<br />

aproveita aquela estrutura toda, uma gran<strong>de</strong> quantia<br />

<strong>de</strong> dinheiro é investida e, <strong>de</strong>pois que a equipe volta<br />

para a roti<strong>na</strong>, os resultados não acontecem. Por quê?<br />

Porque falta clareza nos processos! Não é que as pessoas<br />

não tenham vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir e superar as<br />

metas; elas simplesmente não sabem como fazer isso,<br />

porque ninguém falou sobre isso!<br />

Atualmente, mais <strong>de</strong> 80% dos problemas <strong>de</strong> gestão<br />

estão relacio<strong>na</strong>dos a problemas <strong>de</strong> comunicação da<br />

estratégia. Os problemas <strong>de</strong> processo têm início <strong>na</strong><br />

relação interpessoal. Não o contrário. E isso é ignorado<br />

por muitas empresas.<br />

O que temos, então, é o seguinte: os processos vêm<br />

do cérebro reptiliano (automático, repetitivo, imitativo).<br />

As relações interpessoais vêm do sistema límbico.<br />

E a gente precisa usar o córtex para transformar tudo<br />

isso em estratégia e fazer com que o equilíbrio aconteça.<br />

O nome disso é neuroli<strong>de</strong>rança!<br />

Dentro <strong>de</strong>sse cenário, como surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estudar e<br />

escrever sobre li<strong>de</strong>rança tóxica?<br />

Antes mesmo <strong>de</strong> começar meu mestrado, eu percebi<br />

que existia uma carência <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res no Brasil.<br />

A gente ainda vivia um momento economicamente<br />

bom e muitas empresas estavam crescendo.<br />

Consequentemente, os profissio<strong>na</strong>is cresceram<br />

<strong>de</strong>ntro das empresas e assumiram cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />

mesmo não estando preparados para isso.<br />

Ou seja, esse crescimento, que era meio que geral,<br />

estava <strong>de</strong>ixando buracos por todos os lados.<br />

Pela falta <strong>de</strong> preparo, muita gente acabava li<strong>de</strong>rando<br />

<strong>de</strong> uma forma completamente torta. A maioria<br />

dos meus alunos está em uma fase em que eles são<br />

gerentes ou diretores, mas estão “ensanduichados”;<br />

ou seja, são lí<strong>de</strong>res, mas ao mesmo tempo são li<strong>de</strong>rados.<br />

E muitas vezes eles eram maus lí<strong>de</strong>res porque<br />

não estavam sendo bem li<strong>de</strong>rados. Foi quando eu<br />

percebi que o problema estava no fato <strong>de</strong> que os lí<strong>de</strong>res<br />

<strong>de</strong>les estavam sendo tóxicos!<br />

Eu entendi isso porque muitos <strong>de</strong>sses meus alunos<br />

estavam doentes. Alguns tomavam remédio para <strong>de</strong>pressão;<br />

outros diziam que estavam tratando a ansieda<strong>de</strong>;<br />

tinha os que enfrentavam problema <strong>de</strong> acne,<br />

afta, queda <strong>de</strong> cabelo; e assim por diante. Quando eu<br />

passei a conectar tudo isso, entendi que era uma coisa<br />

tóxica. Foi quando <strong>na</strong>sceu o conceito <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança tóxica,<br />

que é toda e qualquer li<strong>de</strong>rança capaz <strong>de</strong> gerar<br />

uma toxi<strong>na</strong> que cause dor. Essa dor po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> qualquer<br />

<strong>na</strong>tureza – física ou psicológica –, porque, quando<br />

eu causo uma dor psicológica, cedo ou tar<strong>de</strong> uma<br />

dor física vai se manifestar, e isso vai virar doença.<br />

Mas é importante que fique claro que nem toda<br />

toxi<strong>na</strong> é proveniente <strong>de</strong> assédio e nem tudo que é<br />

tóxico é feito com má intenção. A toxi<strong>na</strong> às vezes<br />

surge em ambientes saudáveis. Até porque só boa<br />

intenção não leva a lugar nenhum…<br />

Quando a intenção é boa,<br />

mas o resultado é tóxico<br />

unca vou esquecer um dia em que minha equipe me<br />

“N chamou para uma reunião. Eles tinham algo importante<br />

para me dizer. Confesso que fiquei assustada. Fomos todos<br />

para a sala <strong>de</strong> reuniões.<br />

Por um momento eu me senti em um paredão e imaginei<br />

que seria bombar<strong>de</strong>ada. O que eles tinham para me dizer era<br />

que precisavam que eu mudasse meu comportamento.<br />

‘Mas mudar exatamente o quê?’<br />

‘Você nos interrompe o tempo todo.’<br />

‘Eu faço isso?’<br />

‘O tempo todo.’<br />

Se eu falasse que fazia mesmo e nunca tinha percebido,<br />

talvez ninguém acreditasse. Naquele dia minha atitu<strong>de</strong> foi me<br />

<strong>de</strong>sculpar e pedir ajuda. Afi<strong>na</strong>l, se eu faço algo que não percebo,<br />

como vou parar <strong>de</strong> fazer?<br />

Criamos juntos um mecanismo <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> muito legal.<br />

Tipo uma plaquinha com cores ver<strong>de</strong> e vermelha que ficava<br />

colada em cima da tela do computador. Eu as conseguia ver <strong>de</strong><br />

longe. Se estivesse ver<strong>de</strong>, significava que eu po<strong>de</strong>ria ir até lá.<br />

Se estivesse vermelho, eu não po<strong>de</strong>ria interromper.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2017 25

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