VendaMais-264-Indicadores-de-performance-na-pratica
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A experiência ren<strong>de</strong>u muitos frutos, porque todos passaram<br />
a respeitar muito mais a privacida<strong>de</strong> do outro, inclusive a minha.<br />
E encaramos tudo isso com bom humor, foi até engraçado<br />
porque não foram poucas as vezes em que me aproximei e <strong>de</strong>i<br />
meia volta. A única regra era que o vermelho não po<strong>de</strong>ria ultrapassar<br />
mais <strong>de</strong> 50% do tempo total do dia <strong>de</strong> trabalho. Depois<br />
<strong>de</strong> algum tempo, recebi até elogios da equipe, e hoje é algo que<br />
não preciso mais policiar em meu comportamento. Eu não<br />
fazia por mal. Eu queria ser útil, queria resolver, estar presente,<br />
ajudar e servir. E estava sendo tóxica. Ainda bem que tive uma<br />
equipe que veio conversar comigo sobre isso. Mas eu sempre<br />
fui acessível. E isso também po<strong>de</strong> fazer muita diferença.”<br />
Trecho do livro Li<strong>de</strong>rança Tóxica: você é um lí<strong>de</strong>r contagiante ou<br />
contagioso? Descubra o que a neuroli<strong>de</strong>rança po<strong>de</strong> fazer por você<br />
Qual é o caminho que um lí<strong>de</strong>r precisa percorrer para <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> ser tóxico e se transformar em contagiante?<br />
Para mim, tudo começa em um processo <strong>de</strong> autoanálise<br />
que resulte <strong>na</strong> compreensão <strong>de</strong> quem é aquele<br />
lí<strong>de</strong>r e o que ele realmente está fazendo com a sua<br />
li<strong>de</strong>rança. Afi<strong>na</strong>l, por mais que a gente sempre queira<br />
fazer a coisa certa, nem sempre é isso que fazemos.<br />
O que acontece é que, <strong>na</strong> maioria das vezes, nós somos<br />
os lí<strong>de</strong>res que gostaríamos <strong>de</strong> ter. Porém, nem sempre<br />
esse é o lí<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>vemos ser. E qual é o lí<strong>de</strong>r que<br />
<strong>de</strong>vemos ser? Aquele <strong>de</strong> que a nossa equipe precisa!<br />
Nesse sentido, é preciso enten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s da<br />
equipe em si e se a<strong>de</strong>quar a elas. Além disso, também<br />
é preciso olhar para o ambiente e se adaptar a ele, pois<br />
só assim conseguiremos fazer com que a equipe se<br />
adapte também. E é isso que vai fazer com que a alta<br />
<strong>performance</strong> comece a <strong>na</strong>scer.<br />
Um lí<strong>de</strong>r aparentemente saudável po<strong>de</strong> se tor<strong>na</strong>r contagioso,<br />
intoxicar seus li<strong>de</strong>rados, trazendo-lhes doenças<br />
físicas e transformando a empresa em um ambiente tóxico?<br />
Como é possível i<strong>de</strong>ntificar que um lí<strong>de</strong>r está se<br />
tor<strong>na</strong>ndo tóxico? Quando é só uma falha – aconteceu,<br />
<strong>na</strong>tural, segue o baile – e quando começa a se tor<strong>na</strong>r preocupante?<br />
Como i<strong>de</strong>ntificar quando ele está se tor<strong>na</strong>ndo,<br />
<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, um lí<strong>de</strong>r tóxico, ou só cometeu um erro?<br />
Erros acontecem. Todo mundo erra. Até porque<br />
nenhum lí<strong>de</strong>r <strong>na</strong>sce pronto. Começa a se tor<strong>na</strong>r preocupante<br />
quando passa a ficar patológico; quando as<br />
pessoas começam a ficar doentes, quando você vê que<br />
a equipe começa a apresentar sintomas doentios –<br />
físicos e psicológicos. Aqui, é importante apresentar<br />
algumas estatísticas.<br />
No mundo, 80% das pessoas que se afastam do<br />
trabalho são infelizes.<br />
As doenças psicossociais já respon<strong>de</strong>m pela maior<br />
parte dos afastamentos no ambiente <strong>de</strong> trabalho.<br />
Os transtornos mentais respon<strong>de</strong>m por 48%. A<br />
<strong>de</strong>pressão já é a segunda causa <strong>de</strong> afastamento no<br />
ambiente <strong>de</strong> trabalho.<br />
A <strong>de</strong>pressão já afeta 4,4% da população mundial<br />
e 5,8% dos brasileiros.<br />
O Brasil é o país com maior prevalência <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong><br />
no mundo: 9,3%. A maior parte <strong>de</strong>sse índice<br />
<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> no Brasil vem por causa do trabalho.<br />
1 milhão <strong>de</strong> brasileiros receberam auxílio-doença<br />
em 2011 por causa <strong>de</strong> estresse.<br />
Para 2030, a projeção é que os gastos relacio<strong>na</strong>dos<br />
a transtornos emocio<strong>na</strong>is e psicológicos no ambiente<br />
<strong>de</strong> trabalho cheguem a 6 trilhões <strong>de</strong> dólares.<br />
As doenças ocupacio<strong>na</strong>is já representam 3,5% do<br />
PIB do Brasil.<br />
É com esse panorama que precisamos nos preocupar!<br />
As emoções fazem parte da condição huma<strong>na</strong>.<br />
Não existe empresa sem emoção. Mas o que a gente<br />
não vê, como lí<strong>de</strong>r, é o impacto que essas emoções<br />
trazem para o ambiente corporativo. Porque a gente<br />
passa o dia inteiro pensando em meta e não para pra<br />
cuidar das emoções. Mas não é por mal que a gente<br />
faz isso. A gente está fazendo 200 outras coisas ao<br />
mesmo tempo e estamos sempre preocupados com o<br />
resultado. Então a gran<strong>de</strong> questão é: o que transforma<br />
essa dor emocio<strong>na</strong>l em toxicida<strong>de</strong> é a resposta que se<br />
dá para ela. Se essa resposta for nociva, isso se transforma<br />
em contagioso. Se essa reposta for curativa,<br />
isso se transforma em contagiante.<br />
O que um profissio<strong>na</strong>l que percebe que seu lí<strong>de</strong>r está<br />
sendo tóxico precisa fazer?<br />
Nove em cada <strong>de</strong>z pessoas têm problemas com seus<br />
lí<strong>de</strong>res, trabalham sob pressão e ficam doentes. E,<br />
apesar <strong>de</strong> muitas vezes passarem diversos meses do<br />
ano doentes – porque vivem em uma empresa doente<br />
e têm um lí<strong>de</strong>r doente –, elas não percebem que<br />
essa é a causa <strong>de</strong> toda a dor. Portanto, ao notar que o<br />
problema está <strong>na</strong> li<strong>de</strong>rança, que é tóxica, só há uma<br />
coisa a fazer: pedir <strong>de</strong>missão!<br />
Como diz o pesquisador Stephen Bevan, que é<br />
especialista em <strong>performance</strong> no ambiente <strong>de</strong> trabalho,<br />
não ter emprego é melhor do que ter um emprego<br />
ruim! Um estudo da Australian Natio<strong>na</strong>l University<br />
apoia essa teoria ao constatar que a saú<strong>de</strong> mental <strong>de</strong><br />
quem tem um emprego ruim é pior do que a dos <strong>de</strong>sempregados.<br />
Claro que isso não significa que <strong>de</strong>vemos<br />
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vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2017