14 ed Revista Completa
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SET/OUT 2018<br />
Roberto Bianchini Derner<br />
Laboratório de Cultivo de Algas<br />
Universidade F<strong>ed</strong>eral de Santa Catarina - UFSC<br />
Florianópolis, SC<br />
roberto.derner@ufsc.br<br />
Estudo bibliométrico sobre as pesquisas em<br />
biotecnologia de microalgas<br />
Na coluna desta <strong>ed</strong>ição vamos explorar as informações<br />
contidas em um interessante artigo<br />
de revisão (Garrido-Cardenas et al, 2018; referência<br />
no final do texto), publicado recentemente na <strong>Revista</strong><br />
Algal Research, que trata da evolução e das tendências<br />
mundiais das pesquisas com microalgas, analisadas com<br />
base em um estudo bibliométrico, assim, todas as informações<br />
apresentadas nesta Coluna foram extraídas<br />
do artigo.<br />
Neste estudo, os autores determinaram o número<br />
de publicações e sua distribuição, bem como, os periódicos<br />
e as palavras-chave mais relevantes. O estudo<br />
bibliométrico foi desenvolvido com as informações do<br />
banco de dados Elsevier Scopus, utilizando a palavra<br />
microalga para a consulta.<br />
Na Figura 1 são apresentados os dados referentes<br />
ao número de publicações entre 1970 e 2017, sendo<br />
possível observar dois períodos distintos: no primeiro<br />
momento (1970 – 2005) houve um gradativo aumento<br />
no número de publicações a cada ano, enquanto,<br />
no segundo momento (2005 – 2017) ocorreu um<br />
crescimento vertiginoso, chegando a mais de 2.700<br />
publicações em 2017, sendo este um execelente indicador<br />
da importância das microalgas no cenário atual<br />
da pesquisa científica. Os autores atribuem este crescimento<br />
ao aumento da demanda do mercado por<br />
produtos de microalgas e pela consequente expansão<br />
no número de instalações de cultivo para a pesquisa<br />
e produção comercial. Das publicações, 81,45% são<br />
artigos publicados, 6,46% são trabalhos de eventos,<br />
5,88% são revisões, 2,60% são capítulos de livro,<br />
1,99% são artigos em processo de publicação e o<br />
restante são outros tipo de publicações. Os trabalhos<br />
foram publicados principalmente nos periódicos Bioresource<br />
Technology e Algal Research, mas também no<br />
Journal of Appli<strong>ed</strong> Phycology, Aquaculture, Journal of<br />
Phycology, Marine Ecology Progress Series e Journal<br />
of Experimental Marine Biology and Ecology. Pr<strong>ed</strong>ominantemente<br />
os trabalhos foram publicados em inglês<br />
(95,20%), porém, também em chinês (1,79%),<br />
espanhol (1,06%), francês (0,5%) e em outras línguas,<br />
sendo 0,40% em português. Em relação aos países,<br />
os Estados Unidos lideram em número de publicações<br />
(3.615), seguidos pela China (3.005), Espanha (1.593),<br />
França (1.456), Índia (1.206), Austrália (1.191), Alemanha<br />
(1.<strong>14</strong>5) e outros. Entretanto, ao normalizar o número<br />
de publicações pelo número de habitantes de<br />
cada país, a Austrália lidera este ranking (48,33 publicações<br />
por milhão de habitantes), seguida da Espanha<br />
(34,58) e França (22,42), ficando os Estados Unidos e<br />
a China em sétima e nona posições, respectivamente.<br />
Também foi evidenciado que grande parte dos artigos<br />
foi desenvolvida em trabalhos colaborativos entre as<br />
instituições de pesquisa dos diversos países.<br />
Na Figura 2 são apresentadas as palavras-chave<br />
mais empregadas nas publicações (somente aquelas<br />
que aparecem em pelo menos 1.000 artigos) e, estas<br />
incluem principalmente termos relacionados com as<br />
aplicações das microalgas como biomassa, biocombustível<br />
ou lipídios, além de outros relacionados com o organismo<br />
estudado, tais como, Chlorella ou Alga verde<br />
(Chlorophyta), e alguns relacionados à metodologia de<br />
cultivo, como Biorreator.<br />
O estudo também apresenta os sete gêneros de<br />
microalgas mais frequentemente empregados nas palavras-chave<br />
dos trabalhos produzidos nos dez países<br />
com maior número de publicações (Figura 3). Notadamente,<br />
o interesse por cada gênero não é o mesmo<br />
nos países, assim, pode ser visualizado que Chlamydomonas<br />
e Nannochloropsis são mais estudados nos EUA,<br />
enquanto Chlorella e Scen<strong>ed</strong>esmus são estudados principalmente<br />
na China e Phaeodactylum e Isochrysis na<br />
Espanha. Curiosamente, Spirulina, o sétimo gênero<br />
mais presente na literatura, não é uma das microalgas<br />
mais estudadas em nenhum dos dez países com maior<br />
número de publicações nessa área, porém, é o gênero<br />
mais comum nos estudos desenvolvidos no Brasil.<br />
Como conclusões, os autores apontam que a Bio-<br />
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