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14 ed Revista Completa

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Ranicultura<br />

Andre Muniz Afonso<br />

Universidade F<strong>ed</strong>eral do Paraná - UFPR<br />

Palotina, PR<br />

andremunizafonso@gmail.com<br />

SET/OUT 2018<br />

O que se produz da rã? - Parte I<br />

(Produtos Comestíveis)<br />

A<br />

ranicultura, como toda atividade de exploração<br />

animal, dá origem a produtos de interesse<br />

comercial. A exemplo de outras atividades zootécnicas,<br />

este comércio não se restringe à produtos alimentícios,<br />

gerando o que chamamos de “produtos comestíveis”<br />

e “produtos não-comestíveis”. Neste primeiro, de<br />

três artigos, iremos abordar algumas características dos<br />

produtos usados na alimentação, de forma geral.<br />

O grupo de produtos comestíveis, também conhecido<br />

como “produtos primários”, se destaca, principalmente,<br />

pela presença da famosa “carne de rã”, a menina dos<br />

olhos da ranicultura. Suas propri<strong>ed</strong>ades nutricionais são<br />

mundialmente conhecidas, inclusive a ela são atribuídas<br />

curas muitas vezes milagrosas. Dentre as suas propri<strong>ed</strong>ades<br />

podemos destacar as seguintes características: a)<br />

proteína de alto valor biológico, configurada pela presença<br />

de todos os aminoácidos essenciais, com ótimo balanço<br />

aminoacídico e alta digestibilidade, ou seja, altamente<br />

biodisponível; b) baixo teor de gorduras, uma vez que<br />

nas análises de composição centesimal seu teor de lipídios<br />

não ultrapassa os 0,3 % (0,3 g em 100 g de carne), podendo<br />

ser intitulada como carne branca e magra; c) boa<br />

concentração de minerais, com destaque para o cálcio,<br />

cujos teores se apresentam três vezes maiores do que<br />

no leite; e d) hipoalergenicidade, que exprime o baixo<br />

potencial que o produto tem em provocar alergias alimentares<br />

no consumidor, por isso muitas vezes indicada<br />

para recém-nascidos, que rejeitam os outros produtos de<br />

origem animal, como o próprio leite e outras carnes.<br />

Ainda em relação aos produtos comestíveis existe a<br />

classe daqueles outrora denominados “subprodutos”,<br />

hoje conhecidos como coprodutos, pois além de não<br />

serem inferiores em termos de potencial de comercialização,<br />

constituem o ponto de equilíbrio em muitas indústrias<br />

que processam o pescado, globalmente. O que<br />

antes era, literalmente, “jogado fora”, desprezado ou<br />

utilizado apenas na indústria da alimentação animal (rações<br />

e afins), hoje constitui importante matéria prima para<br />

produtos usados na alimentação humana. Prova disso é<br />

a carne mecanicamente separada (CMS), um coproduto<br />

extraído da prensa mecânica do dorso da rã, que pode<br />

ser utilizado como matéria prima para pré-fritos (empa-<br />

64<br />

nados, “nuggets”, entre outros) e massas cárneas.<br />

Os órgãos, normalmente, não são aproveitados para<br />

consumo, sendo esta uma área ainda muito pouco explorada<br />

tanto pelas indústrias como pela comunidade científica.<br />

Novos produtos alimentícios podem surgir a partir<br />

da utilização destas partes do animal, melhorando o seu<br />

aproveitamento pelos abat<strong>ed</strong>ouros, a lucratividade na cadeia<br />

produtiva, como um todo, e diminuindo a quantidade<br />

de rejeitos a receberem o devido tratamento para<br />

que não se tornem passivos ambientais. Cabe lembrar<br />

que, estamos nos referindo ao consumo da rã no Brasil<br />

e em alguns países cuja culinária nos é mais familiar, com<br />

destaque para França, Bélgica, Espanha, Estados Unidos<br />

e México. Ultimamente, temos recebidos vídeos, provenientes<br />

de países do oriente, onde se verifica que toda rã<br />

é utilizada como alimento. Alguns autores vêm explorando<br />

o tema também em países africanos, com destaque<br />

para o Oeste Africano (Burkina Faso, Nigéria, Camarões<br />

etc.), onde as rãs nativas são exploradas sem qualquer<br />

Figura 1. a) Carcaça glaceada de rã-touro<br />

(vistas ventral e dorsal); b) carcaça glaceada<br />

de rã-touro dividida na linha da cintura<br />

(vistas ventral e dorsal); e c) pernas de rã-<br />

-touro frescas com parte da fraldinha.<br />

tipo de estratégia de<br />

captura, gerando a<br />

extinção de espécies<br />

locais e, consequentemente,<br />

desequilíbrios<br />

ecológicos.<br />

A carne de rã,<br />

um produto de excelente<br />

qualidade<br />

nutricional, de leve<br />

sabor, de boa aparência,<br />

ainda não<br />

conquistou o con-<br />

<strong>ed</strong>ições.<br />

raníco-<br />

próximas<br />

Saudações<br />

las!<br />

sumidor brasileiro,<br />

dado o seu baixo<br />

consumo. O que<br />

precisa ser feito para<br />

que isso aconteça?<br />

Abordaremos essa e<br />

outras questões nas

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