14 ed Revista Completa
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NUTRIÇÃO<br />
Artur Nishioka Rombenso<br />
CSIRO – Austrália<br />
IPEMAR – Brasil<br />
Ingr<strong>ed</strong>ientes geneticamente modificados:<br />
a favor ou contra a tendência dos alimentos aquícolas?<br />
avanço na tecnologia genética já é realidade<br />
O em alguns setores aquícolas e no geral podese<br />
dizer que contribui para a expansão da atividade.<br />
Claro que esse tópico é bastante controverso, porém<br />
nesse artigo não entrarei nesses méritos. Em termos<br />
de nutrição, o desenvolvimento de ingr<strong>ed</strong>ientes<br />
geneticamente modificados busca solucionar a<br />
dependência de ingr<strong>ed</strong>ientes de origem marinha como<br />
a farinha e o óleo de peixe. Alguns exemplos são:<br />
1. Fontes proteicas vegetais com melhores<br />
perfis de aminoácidos e menores fatores<br />
antinutricionais;<br />
2 Óleos vegetais com diferentes perfis de<br />
ácidos graxos e ricos em ácidos graxos chaves<br />
como DHA e EPA;<br />
3 Farinhas ou óleos de algas ricas em<br />
nutrientes chaves.<br />
Existem inúmeros trabalhos publicados sobre<br />
ingr<strong>ed</strong>ientes geneticamente modificados, inclusive em<br />
várias espécies de peixes, e no geral os resultados são<br />
promissores. Alguns desses ingr<strong>ed</strong>ientes ainda estão<br />
em estágios de experimentação e validação, enquanto<br />
outros já são bastante utilizados nas dietas comerciais.<br />
A soja é um grande exemplo de um ingr<strong>ed</strong>iente<br />
geneticamente modificado e esse fato, na maioria das<br />
vezes, passa despercebido. Ou seja, não existe uma<br />
cautela sobre o uso de soja em dietas aquícolas pelo<br />
fato de ser geneticamente modificada. Porém, isso não<br />
ocorre com outros ingr<strong>ed</strong>ientes, principalmente os<br />
mais recentes. Algo interessante, pois o foco está em<br />
alguns produtos que contêm nutrientes chaves como é<br />
o caso dos óleos vegetais e dos derivados de algas ou<br />
farinha de alga ricas em DHA e EPA.<br />
Gostaria de ressaltar que existe também uma<br />
nova vertente de dietas livres de qualquer ingr<strong>ed</strong>iente<br />
geneticamente modificado. Algumas empresas já<br />
artur.rombenso@csiro.au<br />
*As opiniões citadas abaixo são exclusivamente pessoais do autor e não necessariamente remetem as opiniões das instituições<br />
vinculadas ao mesmo.<br />
aderem a essa linha e aparentemente existe um<br />
mercado promissor e em expansão. Agora vem a<br />
grande pergunta: será que estamos indo na direção<br />
correta buscando ingr<strong>ed</strong>ientes “otimizados” para<br />
dietas aquícolas através da engenharia genética? Será<br />
que, quando chegarmos no ingr<strong>ed</strong>iente ideal, esse<br />
será utilizado nas dietas? Vale a pena a reflexão, pois é<br />
crescente o interesse em saber a origem dos ingr<strong>ed</strong>ientes<br />
utilizados nos produtos que iremos consumir. Assim,<br />
num futuro próximo, pode ocorrer uma grande<br />
mudança de rumo em relação à demanda de produtos/<br />
ingr<strong>ed</strong>ientes que não usam ou foram alimentados<br />
com ingr<strong>ed</strong>ientes geneticamente modificados. Em<br />
outras palavras, crescerá a demanda por ingr<strong>ed</strong>ientes<br />
que não são geneticamente modificados e também<br />
por peixes que não foram alimentados com esses<br />
ingr<strong>ed</strong>ientes. Na verdade, acr<strong>ed</strong>ito que haverá uma<br />
distinção de produtos, ou seja, existirão os produtos<br />
que são alimentados com ingr<strong>ed</strong>ientes geneticamente<br />
modificados e outros que não. Esses últimos consistirão<br />
em um produto com um valor agregado maior, fato<br />
que pode ser interessante para o produtor.<br />
O intuito dessa coluna foi trazer um tema atual que<br />
estará em debate nos próximos anos e quem sabe<br />
moldará parte do futuro da nutrição aquícola.<br />
SET/OUT 2018<br />
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