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14 ed Revista Completa

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am através da negociação, os quais facilitarão levar a<br />

diante o conceito do AquaScience. Alguns produtores<br />

dizem que escondemos tudo, mas nosso investimento<br />

é muito alto! Ao mesmo tempo em que gastamos milhões<br />

de reais, perdemos também, porque o caminho<br />

que escolhemos em determinada questão nem sempre<br />

é o correto. Ajustes na rota sempre são necessários.<br />

AQUACULTURE BRASIL: A importação de camarões congelados<br />

apresenta um grande risco sanitário para a carcinicultura<br />

brasileira. Pensando que a Camanor trabalha<br />

em sistema fechado e biosseguro, esta importação deixaria<br />

de ser um risco para vocês?<br />

Werner Jost: Com certeza seria um risco! Com o<br />

AquaScience, nós encontramos uma maneira de como<br />

conviver com a mancha branca. Hoje, praticamente<br />

não perdemos mais camarão devido a essa enfermidade.<br />

Contudo, cada vírus e cada bactéria é uma nova<br />

história e não sabemos como o sistema poderá reagir,<br />

se sofreria ou não algum impacto. A sanidade é um<br />

ponto crucial no conceito do AquaScience. Para nós,<br />

como também para os demais produtores brasileiros,<br />

seria muito melhor que não houvesse a importação<br />

de camarão congelado de outros países, uma vez que<br />

no beneficiamento destes crustáceos não há garantias<br />

de que os resíduos do processamento não possam<br />

chegar ao meio ambiente e, muito rapidamente, alguma<br />

nova doença possa se disseminar para as fazendas.<br />

AQUACULTURE BRASIL: Vocês já estão implantando a<br />

geração quatro (G4)? Como estão os ganhos de produtividade<br />

a cada geração e quais os principais desafios<br />

encontrados geração após geração?<br />

Werner Jost: A maioria dos viveiros construídos hoje<br />

estão na geração três (G3), entretanto, já estamos implantando<br />

alguns G4. Ao longo dos últimos 2-3 anos, trabalhamos<br />

na G3, modificando e melhorando consideravelmente<br />

esta geração. Estamos modificando os viveiros<br />

que construímos, cobrindo-os com estufa. Isto requer<br />

alto investimento. Também temos que prestar bastante<br />

atenção em cada alteração do sistema. Estamos muito<br />

confiantes que estas alterações mudarão a maneira de se<br />

produzir, no sentido de que os parâmetros fiquem ainda<br />

mais estáveis. No caso das estufas, especialmente a temperatura.<br />

Estamos aprendendo a manipular, no sentido<br />

positivo, a temperatura das estufas para atingirmos uma<br />

temperatura constante ao longo de todo o ano. Para a<br />

G4 estamos construindo uma unidade piloto, testando<br />

aspectos construtivos, utilizando diferentes materiais. Antes<br />

de começar a construir em grande escala uma nova<br />

geração, pretendemos realizar diversos testes e observar<br />

se o sistema está atendendo às nossas expectativas. Uma<br />

vez que estiver tudo certo, partimos para a expansão. A<br />

meta é construir 30 ha na G4. Essa nova geração trará<br />

um aumento de produtividade e nossa ideia é simplificar<br />

o sistema, tanto com relação aos insumos, estrutura,<br />

energia elétrica, como também na gestão. Para isso, as<br />

unidades de produção serão todas do mesmo tamanho,<br />

o que não é o caso das outras gerações. Essa novidade<br />

facilitará o planejamento, uma vez que todos os insumos<br />

serão calculados para tanques com iguais dimensões.<br />

Nosso objetivo é não somente aumentar a produtividade,<br />

como também simplificar e r<strong>ed</strong>uzir os custos de<br />

produção, tornando-nos competitivos a nível mundial.<br />

AQUACULTURE BRASIL: Há a ideia de replicar e comercializar<br />

o sistema AquaScience para outras empresas ou<br />

países?<br />

Werner Jost: Não temos a intensão de comercializar o<br />

sistema por duas razões, primeiro, porque sabemos da<br />

complexidade do AquaScience. Atualmente não conhecemos<br />

nenhuma outra empresa que teria a capacidade<br />

de absorver a complexibilidade deste modelo, não<br />

somente pela tecnologia empregada, bem como pelo<br />

gerenciamento. Segundo porque, uma vez que nós disseminemos<br />

a tecnologia, não teremos mais o controle<br />

do grupo, correndo riscos de o AquaScience ser implantado<br />

por terceiros. Para nós é fundamental ter essa<br />

vantagem competitiva que o sistema nos proporciona. A<br />

Camanor é uma empresa formal que atende a todos os<br />

requisitos ambientais e todas as exigências trabalhistas.<br />

Isto gera um custo enorme comparado a outros produtores<br />

que, por exemplo, não trabalham formalmente.<br />

Repassar esta tecnologia para outros países é pior ainda.<br />

Os asiáticos, por exemplo, são muito rápidos em absorver<br />

e aprender novas tecnologias, e poderíamos enfrentar<br />

uma dificuldade com relação ao mercado mundial.<br />

Portanto é importante deixar claro que o sistema também<br />

não irá para Ásia, mesmo com união da empresa<br />

com a CP Foods. Nós já possuímos diversas desvantagens<br />

competitivas produzindo no Brasil e o AquaScience<br />

é uma forma de termos um plus que nos possibilite ser<br />

mais competitivo a nível nacional e internacional. Sobre<br />

o que esperar da Camanor nos próximos anos, hoje temos<br />

20ha construídos e a ideia é construir outros 30 ha,<br />

produzindo 15 mil toneladas anuais em 50 ha de área<br />

produtiva. Após isso é possível a construção de uma<br />

nova fazenda. Vai depender da lucratividade que teremos.<br />

Isso não nos imp<strong>ed</strong>e também de ir para outro País,<br />

pois no Brasil, com sua política cambial, sempre teremos<br />

um câmbio supervalorizado, dificultando nossa competitividade.<br />

A grande vantagem de um câmbio valorizado<br />

seria você conseguir importar insumos, mas esbarramos<br />

nos altos impostos da importação. Mas vamos passo a<br />

passo. O primeiro é terminar os 50 ha de área produtiva<br />

e depois pensamos em outros desafios.<br />

SET/OUT 2018<br />

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