14 ed Revista Completa
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SET/OUT 2018<br />
CSIRO - Austrália<br />
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC<br />
mauricioemerenciano@hotmail.com<br />
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano<br />
*As opiniões citadas abaixo são exclusivamente pessoais do autor e não necessariamente remetem as opiniões das<br />
instituições vinculadas ao mesmo.<br />
Conexão Tailândia: presente e futuro!<br />
Figura 1. Fazenda operando com sistemas “”clear-water” e grandes trocas de água.<br />
© Maurício G. C. Emerenciano<br />
Não é de hoje que esse país do sudeste Asiático é<br />
sinônimo de tecnologia e inovação na produção<br />
de camarões marinhos. Por isso a coluna Green Technologies<br />
desta <strong>ed</strong>ição trás como tema uma reflexão sobre<br />
o presente e futuro da carcinicultura desse incrível país.<br />
Com quase 70 milhões de habitantes e uma economia<br />
pulsante em franca expansão, a Tailândia destaca-se<br />
por sempre estar um passo a frente em tecnologias ligadas<br />
a aquicultura e em especial na produção intensiva de<br />
camarões marinhos. Em recente visita pela região de Prachuap,<br />
localizada a sudeste de Bangkok e banhada pelo<br />
Golfo da Tailândia, pude conhecer fazendas que produzem<br />
de 3 a (pasmem) mais de 12kg/m 3 ! Mas essa produtividade<br />
absurda é a que custo? A resposta é, em muitos<br />
casos, a custo de muita troca de água! Hoje quando o assunto<br />
é produção intensiva (ou super-intensiva) a escolha<br />
do sistema a ser adotado vai depender diretamente da<br />
disponibilidade de água. Neste sentido, algumas fazendas<br />
próximas da costa optam por sistemas clear-water e grandes<br />
trocas de água que podem chegar a mais de 1000L<br />
por cada Kg de ração ofertada (Figura 1). Na prática,<br />
isso pode chegar a mais de 30% de renovação por dia<br />
quando operam com grandes biomassas estocadas. Em<br />
viveiros de quase 1 hectare isso se traduz em muita água!<br />
No entanto, se toda essa água fosse reaproveitada eu até<br />
me convenceria que poderia ser uma alternativa “sustentável”.<br />
Mas infelizmente a realidade é bem diferente.<br />
Grande parte dessa água é descartada ao ambiente com<br />
pouco ou quase nulo tratamento. Na minha humilde ótica<br />
a conclusão não pode ser outra: uma bomba relógio<br />
prestes a explodir, alastrando doenças e comprometendo<br />
todo o ambiente no entorno das fazendas.<br />
Por outro lado, onde a disponibilidade de água é mais<br />
escassa pude conhecer fazendas que adotam práticas<br />
bem mais racionais de cultivo e que, por exemplo, recirculam<br />
a água descartada para uma série de viveiros<br />
de peixes até chegar a um reservatório onde pode ser<br />
tratada (caso necessário) e reaproveitada. Este modelo<br />
preconiza alta disponibilidade de alimento natural (zooplâncton)<br />
principalmente nas fases iniciais de cultivo, por<br />
meio do uso de fertilizantes orgânicos (ex.: farelos vegetais)<br />
e manipulação da comunidade microbiana. Sim!<br />
Estamos falando do famoso sistema conhecido como<br />
“Biomimicry” (Figura 2). Um belo exemplo de que com<br />
conhecimento tecnológico, biológico e mais especificamente<br />
microbiológico, é possível produzir grandes quantidades<br />
de camarões (e peixes) em pequenas áreas e de<br />
maneira amigável com o meio ambiente.<br />
Atrelados aos mais diferentes modelos e conceitos de<br />
produção (bioflocos, clear-water, entre outros), uma outra<br />
vertente que certamente vem ganhando força naquele<br />
país (e também em outros países da Ásia) é a produção<br />
indoor. Em recente matéria publicada<br />
no portal “The Fish Site”<br />
a empresa Charoen Pokphands<br />
Foods (CPF), uma potência mundial<br />
quando o assunto é cultivo<br />
de camarões marinhos, anunciou<br />
que nos próximos 5 anos espera<br />
converter a maior parte da sua<br />
produção para sistemas fechados<br />
em estufas. Hoje o número já<br />
surpreende, com 15-20% da sua<br />
produção sendo feita de maneira<br />
indoor naquele país. Certamente<br />
ainda vamos escutar muitas histórias<br />
desse gigante da carcinicultura,<br />
chamado Tailândia.<br />
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