14 ed Revista Completa
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Vista da Fazenda Canabrava, na Barra do Cunhaú, Rio Grande do Norte, onde opera o sistema Aquascience.<br />
SET/OUT 2018<br />
bém foi decisivo, é o fato de “unirmos” o Ocidente e<br />
o Oriente. O Robins McIntosh, considerado o “papa”<br />
da carcinicultura mundial, há 15 anos desenvolve na CP<br />
Foods um trabalho muito interessante com camarões,<br />
voltado especificamente às doenças e à genética. Ele<br />
sempre tentou estabelecer uma parceria com a Camanor<br />
e, depois de três anos de intensa negociação, conseguimos<br />
concretizar. É fantástico ter uma pessoa como<br />
o McIntosh ao nosso lado! E a negociação não foi tarefa<br />
fácil... A CP Foods é muito grande, e nunca havia comprado<br />
uma participação minoritária de uma empresa.<br />
Essa foi a primeira vez na história que eles compraram<br />
um percentual abaixo de 50% de um negócio.<br />
AQUACULTURE BRASIL: O que muda verdadeiramente<br />
na Camanor com a chegada da CP Foods?<br />
Werner Jost: Esse também foi um ponto interessante<br />
da negociação, pois não mudamos a equipe de nossa<br />
empresa. Não há ninguém da Tailândia vindo para cá.<br />
De certa forma isto traz tranquilidade a nossa equipe,<br />
além de mostrar a confiança que eles têm na Camanor<br />
e na capacidade de levarmos a empresa a diante. É interessante<br />
entender também o porquê de a CP Foods ter<br />
vindo para o Brasil. O país é um potencial consumidor<br />
e eles têm muito interesse que ocupemos o mercado e<br />
consigamos comercializar muito camarão no mercado<br />
interno. Este fato é, com certeza, um atrativo a mais<br />
para eles. Outro ponto é o AquaScience. Eles sabem a<br />
dificuldade e os desafios de se produzir em sistemas fechados.<br />
Em uma recente entrevista, o responsável pelo<br />
setor de aquicultura da CP Foods afirmou que, atualmente,<br />
20% da produção deles já ocorre em sistemas<br />
fechados, e ele acr<strong>ed</strong>ita que dentro de cinco anos este<br />
percentual aumentará para 100%. Assim, a CP Foods<br />
ser parceira da Camanor também traz maior segurança<br />
pra eles, visto que o sistema AquaScience é um modelo<br />
único de produção intensiva e altamente eficaz.<br />
AQUACULTURE BRASIL: Onde a Camanor quer chegar?<br />
Werner Jost: Nós queremos ser um dos melhores, ou<br />
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quem sabe até o melhor produtor mundial, em termos<br />
não somente de tecnologia, mas também em custo de<br />
produção, organização e competitividade. Ser uma excelência<br />
mundial em vários aspectos: esse é o objetivo<br />
da Camanor. Para atingir esse objetivo, temos que trabalhar<br />
tendo como base um triângulo, onde em uma<br />
ponta existe o sistema de produção: o “AquaScience”;<br />
na outra ponta a pós-larva, e essa engloba não somente<br />
o conceito da genética e dos avanços visando a alta<br />
produtividade, mas também o conceito de sanidade.<br />
Não queremos um animal que cresça “estranhamente<br />
rápido”. Almejamos um animal sem doenças específicas<br />
que depois poderiam dificultam o seu desenvolvimento.<br />
E a terceira ponta deste triângulo é a ração. Hoje<br />
sabemos que existem muitos problemas de qualidade<br />
nas rações comercializadas no Brasil, ou melhor dizendo,<br />
pois talvez o conceito seja um pouco diferente: a<br />
maioria dos sistemas produtivos no Brasil são semi-intensivos,<br />
utilizando-se de 10 a 20 animais/m², onde<br />
as rações utilizadas funcionam como um complemento<br />
alimentar, em virtude de os viveiros possuírem alimento<br />
natural. Se você muda drasticamente para um<br />
sistema com 400 camarões/m², não pode se basear<br />
em alimentação natural. A dependência da ração é de<br />
100%. Nossa dificuldade atual é conseguir uma ração<br />
com qualidade adaptada a nossa condição de cultivo<br />
intensivo. A CP Foods nos trará novas tecnologias e<br />
diferentes conceitos para delinearmos nosso próprio<br />
laboratório de produção depós-larvas, além da questão<br />
da genética. Estamos trabalhando junto ao MAPA<br />
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)<br />
para importar animais com melhor desempenho, melhorados<br />
geneticamente. Enquanto isso, aproveitando<br />
o nosso laboratório atual, temos animais que são baseados<br />
na genética da Aquatec, mas que já passaram<br />
pelo sistema AquaScience. Especificamente sobre a<br />
ração, a CP Foods analisou o cenário brasileiro atual<br />
e nos deu bastante fundamentação para conversarmos<br />
com nossos fornec<strong>ed</strong>ores nacionais, visando melhorar<br />
o nível de qualidade das rações que utilizamos. Uma<br />
última questão são os recursos financeiros que entra-