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edição de 16 de março de 2020

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última página<br />

Unsplash<br />

amadorismo<br />

na comunicação<br />

Stalimir Vieira<br />

Quando a comunicação governamental<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> dar relevância ao profissionalismo<br />

é o que se vê: uma permanente<br />

sensação <strong>de</strong> se estar vivendo numa casa <strong>de</strong><br />

doidos. Isso não é novo. Muitos <strong>de</strong> nós, que<br />

tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com<br />

clientes que pa<strong>de</strong>ciam do mesmo mal, vivemos<br />

essa realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perto.<br />

Aliás, casos emblemáticos se <strong>de</strong>ram, com<br />

frequência, em empresas familiares. Todo<br />

mundo dando pitaco e sem nenhum fundamento<br />

técnico. Apenas gosto, não gosto<br />

ou não gosto porque Fulano gostou ou gosto<br />

porque gosto <strong>de</strong> Beltrano. Um ambiente<br />

sempre saturado <strong>de</strong> amadorismo e movido<br />

a fofoca. Enquanto isso, a agência exercendo<br />

um esforço extraordinário<br />

para emplacar alguma coerência<br />

no projeto <strong>de</strong> construção da<br />

marca e sempre dando com os<br />

burros n’água.<br />

Porque nesses ambientes <strong>de</strong><br />

completo <strong>de</strong>sconhecimento do<br />

valor da comunicação a irresponsabilida<strong>de</strong><br />

é quem estabelece os padrões<br />

<strong>de</strong> conteúdo e forma. Porque não há<br />

um comando respeitado que se imponha<br />

pela capacida<strong>de</strong> técnica ou ao menos pelo<br />

bom senso.<br />

“Na melhor<br />

das hipóteses,<br />

quem maNda,<br />

<strong>de</strong> fato, gaNha<br />

No grito”<br />

outra besteira à guisa <strong>de</strong> solução. Qualquer<br />

profissional que tenha passado por isso,<br />

como fornecedor, sabe bem do estresse sofrido.<br />

A relação entre cliente e agência se dá<br />

sob total insegurança e nada do que se planeja,<br />

por mais lógico e a<strong>de</strong>quado, tem qualquer<br />

garantia <strong>de</strong> que será compreendido,<br />

aprovado e aplicado. Ou seja, <strong>de</strong>sperdiça-<br />

-se talento, tempo e dinheiro à toa. Porque<br />

a reputação da empresa estará sempre à<br />

mercê <strong>de</strong> rompantes <strong>de</strong> quem se acredita<br />

capaz sem, na verda<strong>de</strong>, estar minimamente<br />

capacitado.<br />

O final <strong>de</strong> tanto <strong>de</strong>smando e negligência<br />

costuma ser o grave comprometimento<br />

da imagem da marca e seu <strong>de</strong>svalor. Não<br />

surpreen<strong>de</strong> que o governo atual<br />

se assemelhe a um ambiente<br />

<strong>de</strong>sses.<br />

Quando o secretário da Comunicação<br />

resolve que não<br />

cumprirá nenhum dos acordos,<br />

trabalhosamente costurados<br />

pelo Fórum da Comunicação,<br />

durante anos, que visou dar absoluta transparência<br />

para as relações entre o po<strong>de</strong>r público<br />

e as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, isso por<br />

si só dá bem a medida da falta <strong>de</strong> profissionalismo<br />

vigente.<br />

Na melhor das hipóteses, quem manda,<br />

<strong>de</strong> fato, ganha no grito, o que costuma servir<br />

apenas para que a sua vonta<strong>de</strong> bizarra<br />

ganhe notorieda<strong>de</strong> e afun<strong>de</strong> ainda mais a<br />

imagem do negócio.<br />

Geralmente esta postura boçal e arrogante<br />

costuma vir acompanhada <strong>de</strong> uma<br />

vaida<strong>de</strong> tosca que só adianta para impulsionar<br />

ainda mais as piores i<strong>de</strong>ias e sempre<br />

levam aos piores resultados. Diante do fracasso<br />

anunciado, o autor dá um tempo para<br />

que reparem o estrago causado e um outro<br />

aventureiro ocupa o espaço e proce<strong>de</strong> uma<br />

E o que é pior: que se manifesta através<br />

<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que transparecem uma espécie<br />

<strong>de</strong> mágoa infantiloi<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem não<br />

<strong>de</strong>monstrou alguma vez mérito suficiente<br />

para ganhar com justiça o seu espaço no<br />

mercado.<br />

Causa espanto que a comunicação do<br />

governo <strong>de</strong> um país com o significado que<br />

o Brasil tem para o mundo esteja totalmente<br />

à <strong>de</strong>riva. Como no pior exemplo <strong>de</strong> empresa<br />

familiar, em que todos se sentem no<br />

direito <strong>de</strong> expressar orgulhosamente a sua<br />

incompetência.<br />

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing<br />

stalimircom@gmail.com<br />

50 <strong>16</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark

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