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edição de 11 de maio de 2020

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entrevista<br />

Pedro reiss<br />

CEO da Wun<strong>de</strong>rman Thompson<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

está se<br />

concentrando<br />

no que é<br />

essencial<br />

Pedro Reiss, CEO da Wun<strong>de</strong>rman<br />

Thompson, acredita que a função das<br />

agências não mudou nesse período <strong>de</strong><br />

isolamento social: somente o ambiente<br />

em que ela acontece. Outro ponto reforçado pelo<br />

executivo é que, diante <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong>, a<br />

profissão também está voltando a dar o <strong>de</strong>vido<br />

valor à criativida<strong>de</strong> e à construção <strong>de</strong> marca,<br />

algo que será muito valioso no futuro. “O que<br />

faz diferença é a criativida<strong>de</strong>, a estratégia,<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conectar com as pessoas.<br />

Acho que nossa indústria vai sofrer, mas vai<br />

se recuperar. Será um ‘back to the basics’ com<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”, diz. A seguir, Reiss também fala<br />

sobre humanização das relações, a importância<br />

da transparência com clientes e colaboradores,<br />

algumas perspectivas para os próximos meses,<br />

novos negócios e possíveis mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> trabalho.<br />

JÉSSICA OLIVEIRA<br />

Como foi a mudança para o formato<br />

home office e como está o dia a<br />

dia da agência?<br />

Conseguimos colocar a Wun<strong>de</strong>rman<br />

Thompson em home<br />

office rapidamente e, nesse<br />

sentido, o que mais me surpreen<strong>de</strong>u<br />

positivamente foi nossa<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação. Conseguimos<br />

direcionar toda nossa<br />

energia para que o trabalho em<br />

home office acontecesse. Ao<br />

meu ver, se a gente conseguir<br />

replicar essa energia para todas<br />

as transformações <strong>de</strong>ntro da<br />

agência - sem ter <strong>de</strong> passar por<br />

todo o sofrimento <strong>de</strong>sse momento<br />

-, será incrível. O isolamento<br />

social teve também um<br />

lado positivo que diz respeito à<br />

humanização, as pessoas passaram<br />

a ter sua vida pessoal<br />

e <strong>de</strong> trabalho um pouco mais<br />

misturadas. Era meio esquisita<br />

essa cisão que existia antes,<br />

mas entendo que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da situação essa mistura po<strong>de</strong><br />

ser muito pesada. O <strong>de</strong>safio é<br />

encontrar o equilíbrio saudável<br />

entre trabalho e vida pessoal,<br />

enten<strong>de</strong>ndo que ele será diferente<br />

para cada um e mudará ao<br />

longo do tempo.<br />

Qual sua expectativa para o trabalho<br />

pós-pan<strong>de</strong>mia? Alguma mudança<br />

veio para ficar <strong>de</strong> vez?<br />

Não sei se vamos saber dizer<br />

com clareza o que é o pós-pan<strong>de</strong>mia<br />

ou o novo normal. Cada<br />

vez mais teremos <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

que a realida<strong>de</strong> é o que ela<br />

é hoje, o que será amanhã, um<br />

dia <strong>de</strong> cada vez. Isso é o que a<br />

gente apren<strong>de</strong>u com a pan<strong>de</strong>mia:<br />

as coisas po<strong>de</strong>m mudar<br />

rapidamente. Daqui para frente<br />

acho que estaremos mais preparados<br />

para lidar com essas<br />

mudanças. Tudo indica que não<br />

vamos ter um dia marcado para<br />

o fim da pan<strong>de</strong>mia. Acho que o<br />

legal é a gente focar nas coisas<br />

boas e nos apegar a elas. Nesse<br />

sentido, a nova produtivida<strong>de</strong><br />

encontrada, a simplicida<strong>de</strong> das<br />

relações entre as pessoas, relações<br />

interpessoais mais cuidadosas...<br />

isso veio para ficar. E<br />

com certeza o home office do<br />

jeito que é hoje será substituído<br />

por algum “novo equilíbrio” entre<br />

um trabalho mais flexível no<br />

escritório, em casa ou em qualquer<br />

lugar, para ter uma forma<br />

<strong>de</strong> trabalho com mais mobilida<strong>de</strong>.<br />

A pontualida<strong>de</strong>, a produtivida<strong>de</strong>,<br />

o foco no que interessa<br />

e menos perda <strong>de</strong> tempo com<br />

o que não interessa são coisas<br />

para se manter. E isso é ótimo.<br />

Qual a perspectiva para o segundo<br />

semestre?<br />

A expectativa é que até antes<br />

do segundo semestre a gente<br />

comece a se reencontrar com<br />

os nossos objetivos para o ano.<br />

Tivemos um primeiro impacto<br />

muito forte em março, estávamos<br />

tentando enten<strong>de</strong>r o que<br />

estava acontecendo, mas em<br />

abril e com certeza em <strong>maio</strong> a<br />

gente começa a replanejar e enquadrar<br />

os planos para a nova<br />

realida<strong>de</strong>.<br />

Os eventos que foram adiados <strong>de</strong>vem<br />

ser realizados?<br />

Eu não acredito que gran<strong>de</strong>s<br />

eventos, com aglomerações,<br />

serão retomados no segundo<br />

semestre. Acho que essa é uma<br />

mudança que vai <strong>de</strong>morar muito<br />

mais para se rea<strong>de</strong>quar. Gran<strong>de</strong>s<br />

eventos virtuais, como foi o<br />

show do Travis Scott no Fortnite,<br />

e as lives, por exemplo, me<br />

levam a crer que novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

aparecem em tempos<br />

<strong>de</strong> crise e já estão aparecendo.<br />

Como vê a profissão hoje? Que re-<br />

flexão faz a respeito do que é ser<br />

publicitário brasileiro nesse momento?<br />

A publicida<strong>de</strong> está se concentrando<br />

no que é essencial. Acho<br />

que estávamos carecendo disso,<br />

então eu enxergo com bons<br />

olhos que a publicida<strong>de</strong> esteja<br />

se focando em mensagens mais<br />

verda<strong>de</strong>iras e relevantes, e em<br />

formas <strong>de</strong> se comunicar que<br />

conectem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> com os<br />

consumidores. Tanto na vida<br />

pessoal quanto na profissional<br />

e em todos os setores do consumo,<br />

as pessoas nesse momento<br />

estão se voltando para aquilo<br />

que consi<strong>de</strong>ram essencial e a<br />

publicida<strong>de</strong> está fazendo isso<br />

também. O que faz diferença<br />

é a criativida<strong>de</strong>, a estratégia, a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conectar com as<br />

pessoas. Acho que nossa indústria<br />

vai sofrer, mas vai recuperar.<br />

Será um ‘back to the basics’<br />

com mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que vai fazer<br />

muito bem e garantir que nossa<br />

profissão seja longínqua. Vamos<br />

voltar a dar o <strong>de</strong>vido valor<br />

à criativida<strong>de</strong>, à construção <strong>de</strong><br />

marca e enten<strong>de</strong>r qual o verda<strong>de</strong>iro<br />

valor da propaganda.<br />

Em relação à profissão, ao dia a<br />

dia “normal” das agências, do que<br />

você mais sente falta?<br />

Sem dúvida nenhuma o contato<br />

com as pessoas - apesar <strong>de</strong><br />

a gente estar mais em contato<br />

do que antes -, faz falta. O olho<br />

no olho, o sentir a energia da<br />

agência, sentir a temperatura<br />

das salas, estar com os clientes...<br />

Estou sentido falta <strong>de</strong>sse<br />

contato. Não acho que a gente<br />

está menos em contato entre as<br />

pessoas, mas o calor e a temperatura<br />

dos momentos e dos contatos<br />

sem dúvida nenhuma é o<br />

que faz falta.<br />

Como avalia o tom que as marcas<br />

têm usado para continuar conversando<br />

com seus consumidores?<br />

No primeiro momento o impacto<br />

do coronavírus <strong>de</strong>ixou<br />

tudo meio igual, a mensagem<br />

foi homogênea, todas as marcas<br />

queriam assumir um lugar <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> e acabaram se<br />

comunicando com pouca diferenciação.<br />

Agora cada marca vai<br />

encontrar uma forma <strong>de</strong> ser re-<br />

16 <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark

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