EXAME 91
Num período de incertezas o fim é sempre uma certeza presente. Esta é a última edição da EXAME. Fica um agradecimento especial aos nossos leitores, que sempre nos inspiraram ao longo destas 91 edições, onde produzimos mais de 7500 páginas sobre a realidade económica moçambicana e internacional. Nesta última edição abordamos a temática do investimento directo estrangeiro. Se no curto prazo está já a reflectir os efeitos da menor capacidade de investimento das empresas, no longo prazo África enfrenta outros desafios, como o menor retorno esperado de alguns projectos e o da relocalização das cadeias de produção. Mas Moçambique é já um destino prioritário do IDE no continente. E é muito bem vindo.
Num período de incertezas o fim é sempre uma certeza presente. Esta é a última edição da EXAME. Fica um agradecimento especial aos nossos leitores, que sempre nos inspiraram ao longo destas 91 edições, onde produzimos mais de 7500 páginas sobre a realidade económica moçambicana e internacional.
Nesta última edição abordamos a temática do investimento directo estrangeiro. Se no curto prazo está já a reflectir os efeitos da menor capacidade de investimento das empresas, no longo prazo África enfrenta outros desafios, como o menor retorno esperado de alguns projectos e o da relocalização das cadeias de produção. Mas Moçambique é já um destino prioritário do IDE no continente. E é muito bem vindo.
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adequadas para impedir a sua propagação.<br />
São informações básicas que devem<br />
ser difundidas o mais possível, de forma<br />
clara e perceptível, principalmente pelas<br />
populações mais vulneráveis – que são as<br />
estão em maior risco, não só de contrair<br />
a doença, mas também de sofrer as suas<br />
consequências.<br />
Para além dos parceiros do projecto<br />
esta acção do T@ablet Comunitário<br />
conta com o envolvimento de outras<br />
personalidades?<br />
A Dra. Graça Machel, a quem carinhosamente<br />
chamamos de Mamã Graça,<br />
tem sido um verdadeiro apoio e tem-nos<br />
dado força e coragem para irmos avante.<br />
A Mamã Graça, que dedica a maior parte<br />
do seu tempo a batalhar pelo bem-estar<br />
das comunidades, principalmente no que<br />
concerne à saúde das populações vulneráveis,<br />
em particular das mulheres e<br />
das jovens raparigas, entende aqueles<br />
que são os nossos objectivos, o alcance<br />
e potencial do nosso projecto e da nossa<br />
plataforma. Temos também recebido o<br />
reconhecimento de instituições internacionais.<br />
Recentemente fomos convidados<br />
para membro do ITU que é a Agência<br />
Especializada das Nações Unidas para<br />
as Tecnologias de Informação e Comunicação.<br />
Aos poucos vamos sentindo os<br />
resultados dos nossos esforços. O que é<br />
compensador.<br />
O T@ablet Comunitário assume-se<br />
como um projecto de educação<br />
digital, com intervenção desde a<br />
educação financeira à saúde. Como<br />
são construídos os conteúdos<br />
educativos das diferentes acções?<br />
Os conteúdos são construídos por uma<br />
equipa multidisciplinar que inclui sociólogos,<br />
antropólogos e psicólogos da Universidade<br />
Eduardo Mondlane. Para além<br />
da mensagem que se quer transmitir (seja<br />
relacionada com a saúde ou outra temática)<br />
é importante atendermos aos hábitos<br />
e costumes dos diferentes segmentos<br />
da população. Esta equipa multidisciplinar<br />
zela pela concordância com os diferentes<br />
valores o que contribui para uma<br />
maior aceitação da mensagem. Desta<br />
forma conseguimos garantir um maior<br />
impacto da(s) campanha(s) e uma verdadeira<br />
mudança de comportamento, que é<br />
o que verdadeiramente se pretende com<br />
as campanhas de sensibilização.<br />
Quantas pessoas já foram abrangidas<br />
pela iniciativa T@ablet Comunitário<br />
desde 2015?<br />
Com as diversas campanhas que foram<br />
implementadas com os nossos diversos<br />
parceiros, foram abrangidas cerca<br />
de 2 400 000 pessoas, maioritariamente<br />
mulheres e crianças.<br />
A adopção de energia solar trouxe vantagens<br />
significativas. Todas as unidades<br />
do projecto já estão equipadas com<br />
kits solares?<br />
Sim. Com o apoio da UNIDO e do Global<br />
Envirnonment Facility, todas as nossas<br />
unidades estão já equipadas com kits<br />
solares. É para nós uma grande vitória<br />
pois conseguimos operar de forma mais<br />
autónoma e percorrer mais quilómetros<br />
pelo país levando as nossas campanhas.<br />
Como é feito o financiamento das<br />
diferentes acções?<br />
O financiamento é feito casuisticamente,<br />
projecto a projecto, via ONGs ou Organizações<br />
Governamentais. Normalmente<br />
apresentamos um projecto para apreciação<br />
no qual referimos os objectivos, raio<br />
de alcance, número de pessoas a abranger<br />
e com um orçamento estimado. Trabalhamos,<br />
mormente, com Agências<br />
Internacionais de Desenvolvimento, Organizações<br />
Não Governamentais e Organismos<br />
Públicos.<br />
O T@ablet Comunitário, assente em<br />
tecnologia moçambicana e cujos direitos<br />
estão registados no UK Intellectual<br />
Property Office, irá estender a sua acção<br />
a outros países do continente?<br />
A nossa estratégia de scaling up está já<br />
delineada. O nosso objectivo é a internacionalização<br />
para os demais países em<br />
desenvolvimento, começando pelos países<br />
vizinhos. Ásia e América Latina estão<br />
também no nosso horizonte. Obviamente<br />
este é um desafio de longo prazo. Sabemos<br />
que não será fácil e que levará o seu<br />
tempo. Mas confiamos no nosso projecto<br />
e nos benefícios que trará para as comunidades<br />
em termos de acesso à informação<br />
nas zonas remotas e desprovidas de<br />
infraestruturas.<br />
“É UMA QUESTÃO<br />
DE JUSTIÇA QUE AS<br />
NOSSAS COMUNIDADES<br />
EM ZONAS REMOTAS<br />
POSSAM BENEFICIAR<br />
DA TECNOLOGIA PARA<br />
MELHOR APRENDER”<br />
Em que momento teve a ideia e o que<br />
é o que o inspirou a criar esta<br />
ferramenta de educação e inclusão<br />
digital das comunidades rurais?<br />
A ausência de infraestruturas obstaculiza<br />
não só a educação, mas também o acesso<br />
à informação sobre assuntos e matérias<br />
que são essenciais para o dia-a-dia e para<br />
a melhoria da qualidade de vida das pessoas.<br />
Na era da revolução industrial 4.0<br />
não se justifica que grande parte da nossa<br />
população, nomeadamente a população<br />
que vive nas zonas remotas e rurais, esteja<br />
à margem. Com uma grande quantidade<br />
e diversidade de ferramentas digitais disponíveis<br />
no mundo, considero que é uma<br />
questão de justiça que as nossas comunidades<br />
em zonas remotas possam beneficiar<br />
da tecnologia para melhor aprender.<br />
É isso que me inspira diariamente e me<br />
faz acordar de manhã com vontade de<br />
continuar a batalhar. É saber que os meus<br />
pequenos gestos estão, de facto, a mudar<br />
a vida das pessoas.<br />
Uma pessoa de cada vez. Mas se essa<br />
pessoa passar a mensagem a outras, então<br />
já terá valido a pena. O que me motiva<br />
é saber que contribuí para o processo de<br />
aprendizagem de populações vulneráveis.<br />
Como disse o saudoso Madiba, a educação<br />
é a arma mais poderosa que se pode<br />
utilizar para mudar o mundo. Gostaria<br />
de fazer a minha pequena parte. b<br />
agosto/setembro 2020 | 47