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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Lembranças de cobras e lagartos 113

Para mim, valia a pena a trabalheira. Lá eu ficava, cantando (agora

entendo que era pela boa acústica).

Imaginava-me cantora famosa, usando piteira e vestido longo, igual

àquela mulher da revista O Cruzeiro.

Inventava mundos e soluções, como aquele espaço fictício de férias

para as mães (não sei se bom para elas ou para os filhos, pensando hoje)

ou aquele lugar para as crianças sem família e não felizes.

Às vezes, eu criava alguns espaços que me davam medo — pareciam

tão reais!

Quando percebia o tempo, havia demorado demais da conta.

Voltava desconfiada, tentando despistar das aventuras passadas.

Antes via ou o mamoeiro, ou a mangueira, ou o imbuzeiro e levava

alguma notícia para minha mãe:

Tem um ninho de passarinho na goiabeira!

A mangueira está começando a florir!

Vi o lagarto e aquela cobra amarela!

Minha mãe me olhava, entre certa cumplicidade e estranhamento,

como se dissesse: essa minha filha...

Numa destas vezes em que estava no “meu trono”, criando meus

mundos, escuto uns sons muito estranhos, pavorosos e uma forte batida.

Saio na disparada, corri como nunca. Entro atropeladamente pela

cozinha, abro a boca para articular alguma palavra, a voz não sai.

Minha mãe, tentando saber o que houve, se fui mordida por algum

bicho, ou se me machuquei, me examina, me pergunta o que aconteceu.

Um irmão traz um copo d’água com açúcar. E eu sem fala. Os

outros irmãos apavorados.

Neste momento escutamos risadas. Muitas risadas. Foram ver: eram

meus irmãos mais velhos, rindo desbragadamente.

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