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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Linda era seu nome 41

arma que seu pai sempre guardara para defesa da casa. Já havia conferido

se estava carregada e bastava preparar o gatilho. Não se arriscaria

indo para fora do quarto. Linda já estava protegida por Gabriel e, provavelmente,

correria para fora da casa. A vida, para ele, já não tinha

mais nenhum sentido. Na verdade, há doze anos se considerava um

morto-vivo. Colocou o cano da arma na boca e, sem nada mais pensar,

apertou o gatilho. Aquele fora o estampido ouvido por Linda e Gabriel.

O mundo desaba sobre a cabeça de Linda e, amparada por Gabriel,

buscam ajuda até a chegada da Polícia. Não se recorda mais de

como foi levada e por quanto tempo ficou sedada no hospital da Praia

Grande. Lembrava, apenas, que não lhe permitiram ver a triste cena no

quarto da avó. Desperta com a mãe ao seu lado e uma policial, esperando

para ouvir seu triste relato. As lágrimas escorrem copiosamente

pela face de ambas. Abraçadas, não encontram palavras para descrever

tamanha monstruosidade daquele pai, distante no dia-a-dia, mas que

nunca demonstrara ter uma mente tão marcada pelo ódio. Leila jamais

poderia imaginar que Mario teria guardado tanto rancor e acaba por

ter sentimentos contraditórios de compaixão e revolta. Se não tivesse se

separado de Mario, isso teria acontecido? O preço da sua liberdade fora

muito alto para o coração partido de Mario? Como não percebera sua

fraqueza? Em tudo, uma única certeza: nada justificaria tanta maldade.

Onde e como buscariam forças para se superarem do trauma vivido?

Quanto tempo seria necessário para Linda e Leila acordarem daquele

pesadelo? Um, dois, três, quatro anos... uma vida inteira?

ooo

Muito esforço. Anos seguem e, mesmo com ajuda de terapia, Linda

ainda não consegue ter um relacionamento amoroso.

Mas, sim, há esperança: ao reencontrar Gabriel, aquele anjo que a

salvara naquele dia fatídico, tudo vem à tona novamente.

Depois de tanto tempo, seus olhares se cruzam. Um abraço cheio de

afeto e silêncio sela aquele momento de paz. Sentem-se envolvidos por

uma luz divina em plena Estação Sé do metrô.

Quem sabe, o prenúncio de um novo caminho.

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