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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Karla Armani Medeiros

“Essa viagem foi o fato cultural culminante da história barretense, em 1938. Não é só de admiração

e entusiasmo, mas sobretudo de gratidão, o preito que te devem os 11.999 habitantes de Barretos do

último censo, e mais os que chegaram depois. Sim, de gratidão principalmente. Porque os críticos

de todas as cidades que visitaste espalhando nas almas inesquecíveis emoções da Beleza suprema,

naturalmente quizeram saber donde lhes ia aquela artista invulgar, onde surgira á vida, onde

nascera, e por certo haverão registrado em seus apontamentos, com surpresa, que és filha de Barretos,

cidade de que não há notícias nas folhas, mas da qual se boqueja, quiçá justamente, uma fama

duvidosa, por aí além. -Oh! Será possível? Pois então há gente civilizada naquele rincão esquecido

da província bandeirante? Não é aquilo apenas um núcleo de negócios e couto de valentões? E é por

isso que tudo, patrícia cara, [...], foste por toda a parte, com a fidalguia do teu trato, com a cortezia

das tuas atitudes, com a tua beleza despretenciosa, e em particular com a magia dos teus dedos

a deslizar sobre o marfim sonoro, foste desmentindo a bisbilhotice e os aleives dos inconscientes e

tornando assim conhecido e elevado o nome da tua terra natal. Sê bemvinda!”

Crônica “Esboços” de Caá-Ubi, Jornal “A Semana”, Barretos (SP), 30/07/1938 (grafia

original; grifos meus) 1

Apresentava-se como Haydée Menezes, a “artista invulgar”, a

“filha de Barretos”, a “patrícia cara” descrita pelo jornalista Osório

Rocha sob seu pseudônimo Cáa Ubi. Era pianista, barretense e

personalidade constante nas páginas de jornais da cidade nas

décadas de 1930 e 1940. As palavras rebuscadas e adjetivadas de

Osório têm a intenção de destacar o ofício musical da pianista,

e, simultaneamente, sublinhá-la como expoente de cultura e arte

- único meio capaz de elevar o nome da cidade como local de

boa convivência, desmentindo (ou desfazendo) a fama de cidade

incivilizada, violenta, isolada e conservadora. Barretos, naqueles

anos 1930, já era uma cidade cuja urbanidade se revelava por

casarões imperiosos no centro, bons comércios, teatros, clubes, sede

de estação ferroviária e instituições sólidas; porém, em suas tradições

ruralistas, o conservadorismo e a criminalidade (a “lei do revólver”)

ainda entreameavam certos momentos daquele tempo presente. A

presença de Haydée e seu piano valorizavam a figuração da cidade

como culta, conforme veiculava “A Semana” de 31/01/1932:

“Barretos não é mais uma cidade sertaneja, pois o conforto de suas casas, o

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