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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Flávia Cunha 45

Estou aqui na cidade com o meu pessoal, para trabalhar em uma grande

festa que começará daqui a quinze dias. Viemos de São Paulo. Venha comigo

e pode levar seus filhos. Estamos em uma chácara alugada, com muito espaço.

Será bom para as crianças.

Jurema, enfraquecida como estava, logo aceitou o convite e entrou

no carro daquele homem, levando seus filhos.

Na chácara, foram muito bem tratados e, dentro de algum tempo,

a jovem mulher já estava mais forte e agradecida a seu benfeitor. Seu

rosto ficara com algumas marcas, mas uma boa maquiagem esconderia

qualquer cicatriz.

Havia, porém, uma condição para que continuassem com o grupo:

ela e as crianças não poderiam sair do interior da casa e nem conversar

com ninguém que não fizesse parte do grupo.

Ela aceitou, agradecida por tudo que faziam por ela e seus filhos.

Alguns dias depois, chegaram algumas moças, todas muito bonitas,

mas com modos vulgares, que nem lhe deram atenção.

Dois dias antes do início da festa, Jurema acordou, procurou pelos

filhos, mas não os encontrou.

Desesperada, saiu pela chácara a chamar por eles, mas logo aquele

senhor distinto puxou-a pelo braço, com força, dizendo:

Seus filhos estão seguros. Não podem ficar aqui porque o ambiente da chácara

não será adequado para eles durante a festa. Você, sim, ficará conosco, porque

chegou a hora de começar a trabalhar.

Levou-a de volta para a casa e, chamando as jovens bonitas, disse-

-lhes:

Expliquem a ela qual será o seu trabalho a partir de hoje à noite. Ela tem

que estar muito bem vestida e maquiada, pois será a nova atração para nossos

convidados.

Jurema soube, então, que elas todas eram prostitutas e que ela também

teria que se prostituir, oferecendo-se aos convidados e satisfazendo

seus desejos, se quisesse ver seus filhos novamente.

A chácara estava cercada por homens armados, de modo que ela

não conseguiria sair dali, pois seria morta e seus filhos também.

A jovem chorou muito, mas foi obrigada a concordar, com a esperança

de rever seus filhos um dia.

Naquela mesma noite, apesar de sua timidez, foi um sucesso para os

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