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SCMedia News | Revista | Setembro 2020

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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60<br />

SETEMBRO <strong>2020</strong><br />

SCM Supply Chain Magazine 61<br />

transporte<br />

Beirute:<br />

uma cidade sem<br />

porto<br />

No dia 4 de Agosto, pouco passava das<br />

18h00, hora local, quando uma mega<br />

explosão no porto devastou grande parte<br />

da cidade de Beirute. Além da gigantesca<br />

tragédia humanitária, a capital do Líbano<br />

vê-se também no meio de um enorme<br />

problema de abastecimento. É esse o foco<br />

aqui.<br />

Matérias perigosas<br />

Texto: Dora Assis<br />

Mergulhado numa das piores crises<br />

económicas em décadas, o Líbano já<br />

passava por problemas de abastecimento<br />

que, agora, devem acentuar-se ainda mais<br />

depois da tragédia que se abateu sobre<br />

Beirute.<br />

É que, pelo porto de Beirute, o local<br />

da explosão, passam 60% do total das<br />

importações do país. Além disso, era também<br />

ali que se localizavam importantes infra-<br />

-estruturas, como é o caso do maior elevador<br />

de grãos da cidade. O elevador de grãos é uma<br />

torre contendo um elevador de caçamba, que<br />

recolhe o grão e que usa a gravidade para em<br />

seguida despejá-los num silo ou noutra forma<br />

de depósito.<br />

Os silos têm uma capacidade total para a<br />

stockagem de 120 mil toneladas de grãos,<br />

segundo Elena Neroba, analista de mercado<br />

da Maxigrain, citada pela BBC, e têm uma<br />

importância estratégica para o Líbano, já que<br />

aproximadamente 85% dos cereais do país são<br />

armazenados naquelas instalações.<br />

No entanto, acredita-se que os silos não<br />

continham grandes quantidades de cereais<br />

no momento da explosão, já que o país<br />

tentava suprir a falta de pão que havia surgido<br />

recentemente devido à actual crise financeira<br />

em que já estava mergulhado.<br />

Dependência das<br />

importações<br />

O Líbano, que vive uma crise financeira,<br />

depende da importação de trigo para garantir<br />

o abastecimento alimentar, uma vez que<br />

a produção nacional cobre apenas 10% do<br />

consumo total do país.<br />

“A procura local do Líbano por trigo varia<br />

entre 35 mil a 40 mil toneladas por mês”,<br />

informou um relatório da agência de rating<br />

Standard & Poor’s. Embora a maioria das<br />

importações de trigo seja feita por moinhos<br />

privados, o governo libanês considerou<br />

no início deste ano importar trigo pela<br />

primeira vez em seis anos, face a crescentes<br />

preocupações com a variação da oferta devido<br />

à pandemia, sendo que a maior parte do trigo<br />

do Líbano vem da Rússia e da Ucrânia.<br />

O trigo é responsável por mais de 80% das<br />

importações agrícolas libanesas, seguido<br />

por milho e cevada e, de facto, a maior parte<br />

do trigo entra no país pelo terminal que foi<br />

atingido no início de Agosto.<br />

O porto é um elo crítico<br />

para a principal rota<br />

comercial do país, lidando<br />

com cerca de 70% das suas<br />

importações<br />

Elo crítico da cadeia<br />

Sendo assim, cresceram os temores de<br />

insegurança alimentar generalizada, sendo<br />

que até o futuro do próprio porto está<br />

em dúvida devido à destruição que foi<br />

desencadeada pelo acidente.<br />

As explosões terão sido desencadeadas<br />

por 2.750 toneladas de nitrato de amónio<br />

que ficaram armazenadas num armazém<br />

portuário durante seis anos, após terem sido<br />

descarregadas de um navio apreendido em<br />

2013. Prevê-se que o impacto da explosão<br />

seja duradouro, pois o porto de Beirute é<br />

considerado um dos portos marítimos mais<br />

importantes do Mediterrâneo, servindo como<br />

ponto de entrada e saída para o Líbano e como<br />

um centro regional e de transbordo entre a<br />

Europa e a Ásia.<br />

O porto é um elo crítico para a principal rota<br />

comercial do país, lidando com cerca de 70 por<br />

cento das suas importações, além de servir<br />

como área de armazenamento de alimentos e<br />

reservas médicas. O volume anual em termos<br />

de movimentação de contentores é de quase<br />

1 milhão de TEU, movimentando quase 3.000<br />

navios e cerca de 6 milhões de tonelagem de<br />

carga por ano.

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