SCMedia News | Revista | Setembro 2020
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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42 SETEMBRO <strong>2020</strong><br />
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
Durante décadas colocou-se a eficiência<br />
no centro da estratégia: execútamos<br />
as operações o mais próximo possível<br />
da capacidade máxima. Solicitou-se pedidos<br />
aos fornecedores de forma alinhada com<br />
os cronogramas da produção. Trabalhouse<br />
arduamente para minimizar os custos<br />
“suando os activos” sob a orientação do<br />
Chief Financial Officer (CFO), e entregouse<br />
retornos financeiros trimestralmente.<br />
De muitas maneiras, este é um sistema<br />
que funcionou notavelmente, mas como a<br />
pandemia COVID-19 deixou dolorosamente<br />
claro, tem uma grande falha: não ajuda as<br />
empresas a desenvolver resiliência. Isto<br />
terá de mudar porque, para sobreviver em<br />
tempos de crise e prosperar a longo-prazo,<br />
as empresas precisam de mudar o seu<br />
pensamento estratégico de just-in-time para<br />
just-in-case.<br />
A crise financeira global de 2008 revelou<br />
os perigos potencialmente catastróficos de<br />
administrar bancos da maneira mais eficiente<br />
possível, com o mínimo de reservas. Após a<br />
crise, os reguladores determinaram que os<br />
bancos mantivessem reservas maiores para<br />
melhorar a sua resiliência. Isso apresentou-<br />
-se como uma reforma importante, mas, na<br />
maioria dos países, foram os contribuintes<br />
que pagaram por essa mudança, o que deixou<br />
os proprietários dos bancos e os seus clientes<br />
sem dificuldades. Já se esperava que os<br />
bancos sentissem que a mudança poderia ser<br />
tomada como um custo para fazer negócios<br />
e a eficiência nesse sector manteve-se como<br />
a parte mais importante da actividade, como<br />
ocorreu em todo o sector privado.<br />
O cenário agora é diferente. Os governos<br />
de todo o mundo imprimiram e distribuíram<br />
tanto dinheiro para salvar empresas em<br />
falência durante esta pandemia que agora<br />
adquiriram uma participação importante<br />
em todos os sectores da economia. Nos<br />
próximos anos, isto irá mudar profundamente<br />
a natureza da relação entre o sector público<br />
e o sector privado. Agora que o público<br />
possui tantas dívidas em empresas privadas,<br />
desenvolverá um desejo e capacidade<br />
crescente de orquestrar o que acontece no<br />
mercado. O envolvimento do estado nesse<br />
novo nível significará novos valores. Pense,<br />
por exemplo, se as suas expectativas são<br />
maiores enquanto cidadão ou consumidor.<br />
O que estamos a testemunhar neste<br />
momento é um movimento acelerado em<br />
direção à ‘stakeholder economy’, que é uma<br />
mudança na qual as empresas prestam<br />
contas não só aos accionistas, mas também<br />
aos funcionários e clientes, fornecedores e<br />
distribuidores, investidores e sociedade em<br />
Para sobreviver em tempos<br />
de crise e prosperar a<br />
longo-prazo, as empresas<br />
precisam de mudar o seu<br />
pensamento estratégico<br />
de just-in-time para just-<br />
-in-case<br />
geral. Mais do que nunca, as empresas agora<br />
terão de prestar atenção aos municípios<br />
onde possuem instalações, aos impactos<br />
ambientais dos seus produtos, e às normas,<br />
culturas e direitos das comunidades em que<br />
operam.<br />
Como podem as empresas desenvolver a<br />
resiliência de que precisam para enfrentar<br />
de maneira estratégica e eficaz este novo<br />
desafio e satisfazer o que, às vezes, são<br />
interesses e valores concorrentes? Tirando o<br />
poder do CFO e aplicando-o no procurement.<br />
Antigamente, a palavra tinha um sentido