SCMedia News | Revista | Setembro 2020

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setembro 2020 SCM Supply Chain Magazine 41
procurement
Estou certo que as empresas, no geral, e
as do alimentar em particular, têm ainda
algum caminho a percorrer relativamente
à sustentabilidade, mas temos assistido
a sinais muito claros nas empresas da
fileira agro-alimentar, impulsionadas pelos
consumidores, principalmente os da geração
Millennial, que são geralmente mais bem
informados e também os que mais têm
revelado uma preocupação social e ambiental
no comportamento de consumo, onde
manifestam que procuram marcas e empresas
com um propósito e sentido de mudança
naquilo que fazem e como fazem, esperando
que estejam alinhadas com o que desejam ver
no mundo e na sociedade.
Os modelos de negócio são construídos
cada vez mais com base na confiança, na
transparência e na total rastreabilidade da
cadeia de valor, estes são valores cada vez
mais escrutinados pelos novos consumidores.
-E relativamente ao aprovisionamento
de matérias-primas mais sustentáveis e
diferenciadoras?
> Nas cadeias de valor do sector alimentar, a
sustentabilidade começa, indubitavelmente,
a montante com preocupações na
sustentabilidade dos recursos e melhoria de
nível de vida das pessoas, na interacção com
os fornecedores e na ligação com a natureza,
de onde provêm as principais matérias-primas.
As relações de transparência entre parceiros
e uma relação cliente-fornecedor tem de
ser muito estreita e de longo prazo, pelo
que esta transição para um modelo de
negócio sustentável leva o seu tempo. Pela
particularidade dos sectores, as grandes
indústrias do chocolate, que dependem
fortemente do cacau, as do café, mas também
as do têxtil, com a produção de algodão,
são excelentes exemplos de como se deve
trabalhar um modelo sustentável ao longo da
cadeia de valor, iniciando-o precisamente na
relação a montante com os países de origem
e com os seus produtores, incentivando boas
práticas de cultivo e exploração agrícola
sustentável.
-Estamos a passar por uma crise pandémica
mundial que tem criado imensas barreiras
e entraves. Quais as principais limitações
criadas no sector da inovação e de que forma
é que as empresas tentam ultrapassar estas
dificuldades?
> A indústria alimentar, principalmente em
contextos adversos como o que vivemos, tem
uma missão a cumprir – fazer chegar, de forma
ininterrupta, alimentos seguros e saudáveis
a milhões de consumidores. E, a fileira agroalimentar,
no seu todo, conseguiu adaptar-se
e reinventar-se, garantindo que os produtos
alimentares nunca faltassem, mesmo em
momentos de muita insegurança e incerteza
por parte dos consumidores. É, pois, desses
processos de readaptação e reinvenção que
rasgam fronteiras aos modelos e processos
tradicionais das empresas, que transformam
as dificuldades em oportunidades, que se cria
valor, tal como se espera da inovação.
Nesta fase de pandemia, em específico, houve
uma necessidade de inovar mais ao nível dos
processos, no sentido de ajustar a capacidade
produtiva e logística às reais necessidades dos
consumidores, que mais que diversidade de
oferta, procuraram abastecer-se de produtos
de primeira necessidade e de produtos que
habitualmente consumiam. Esta reacção,
normal, fez com que as marcas optassem por
privilegiar a produção de referências de maior
consumo, deixando para uma fase posterior as
referências sazonais ou novos lançamentos. •
Texto:
Rafael Ramírez, Ciaran McGinley, and Steve Churchhouse, na Harvard Business Review
Resiliênica no
procurement
Investir no Procurement torna
as empresas mais resilientes
A pandemia COVID-19 veio mostrar que todos os processos podem sofrer imprevistos, mas,
mais importante que isso, trouxe a visão de oportunidades que as empresas podem e devem
agarrar para conseguirem combater de forma eficaz uma crise como a que vivemos. Trata-se
de resiliência e, neste momento, só sobrevive quem a tem incorporada na sua organização.