Estudos de Caso
Como escrever e utilizar Estudos de Caso para ensino e aprendizagem no setor público.
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Capítulo 1 - Por que estudos de caso?
Por que agora?
Professores que trabalham com casos costumam dizer: “Não há
resposta certa para um caso.” O que é mais preciso dizer é: pode haver
muitas respostas certas.
Robert Bruner
Vivemos em uma época de grande transição demográfica e tecnológica
tanto no governo quanto no setor público em geral. Pessoas estão
saindo. Novas pessoas, chegando. O redemoinho de dirigentes continua
inabalável. Ao sair, eles deixam lacunas na memória organizacional e levam
consigo experiências acumuladas. E o que dizer das experiências e lições
que esses líderes poderiam oferecer a outros? Ficaram para trás. As
pessoas se aposentaram ou seguiram em frente.
Mesmo com todos os avanços tecnológicos, estamos constantemente
lidando com mais e mais informação dispersa. Ainda que bancos de dados
mais descentralizados substituam os sistemas de arquivo em papel, a
maioria dos governos perde memória institucional. Bancos de dados e
arquivos digitais têm mérito próprio – são mais rápidos e
abrangentes. Mas onde estão as histórias? Onde estão as nuances?
A riqueza da vida organizacional pública não está em suas bases de
dados, mas sim nas pessoas, suas histórias e na forma como elas
enfrentaram problemas, com maior ou menor êxito. O mesmo se aplica à
riqueza do estudo das políticas públicas e da gestão. Nada acontece no
vazio. O governo oferece um contexto repleto de complexidades, dramas
e ambiguidades. Captar essa combinação de elementos é a vantagem dos
estudos de caso, seja para o conhecimento da prática, seja para o estudo.
Embora muito tenha sido escrito sobre estudos de caso como
ferramenta pedagógica, esta publicação busca ampliar o leque acerca da
utilização desse instrumento na esfera da aprendizagem organizacional. Da
mesma forma, ainda que existam muitos casos com aplicação acadêmica
e empresarial no setor privado, o uso de casos na administração pública
tem sido mais modesto. Ressalte-se que o livro não tem a intenção de
menosprezar a existência de recursos como a série de estudos de caso do
Instituto de Administração Pública do Canadá (Ipac) e da Electronic Hallway,
nos Estados Unidos; e do programa de estudos de caso da Escola de Governo
da Austrália e da Nova Zelândia (Anzsog). A ambição deste livro é ampliar
a base de uso e aplicação dos casos.
Estudos de caso propiciam uma ferramenta rica para a apresentação
de problemas na administração pública (sejam eles reais ou fictícios),
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