22.10.2021 Views

Chicos 66 - 18.10.2021

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições.
A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Chicos

visual. Bem mal retive

aquele horrendo flash.

Fui chorar no banheiro.

Não quis saber de festas e retratos,

voltei as costas pra eles

e, só, no meu quintal de Cataguases,

nas grimpas da mangueira,

chorei e vomitei minha orfandade.

Aos dezessete, uma colega

do curso colegial

me ensinou fatos da vida.

O que meus pais tinham feito:

tremenda porcaria

pra que eu fosse parida.

Fiquei chocada.

Se nunca os vi de abraços, beijos,

e cada qual tinha o seu quarto…

Alguma coisa se quebrara em mim

como a cabeça do bebê de porcelana

que o meu primo Juquinha me trouxera

nos seus troféus da Itália

quando pracinha entre guerras.

Aprendi a fazer bruxas de pano

bolas de meia, petecas de folhas

de milho ou bananeira

e penas de aves.

Mesmo em Belo Horizonte pulei corda,

jogava amarelinha com cacos de telha,

e até os meus 19,

por fora, bela viola,

por dentro era uma moça retardada.

Não me casei, não pude

desfrutar de namoros mais ousados

até completar os 30,

já fora e longe de casa.

Nunca respostas para tais perguntas

que ainda me sufocam

neste sem tempo/espaço.

Jamais a ratificação do doce, terno,

baldado romantismo lido em livros

e telas

na pauta da memória

de alguma sinfonia inacabada.

AS LESBIANINHAS

Mancomunadas

conluiadinhas

mãozinhas dadas

maquiavelinhas

colaçam tretas

do arco-da-velha

roçando os arcos

das íris delas.

Lá vão as duas

uniduninhas

no bole-bole

de suas barquinhas

passeando embaixo

do arco-celeste

jurando laços

bem-casadinhos.

Priscas pupilas

saficazinhas

mesmando-se ilhas

de amor-perfeito

dentro de espelhos

em que se miram

no acende-aplaca

de suas pocinhas.

Cheios de dedos

seus segredinhos

se encarrapicham

quando se tocam

(liras? safiras?

pirilampejos?):

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!