Chicos 66 - 18.10.2021
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Chicos
firmada com carimbo, seja do poder, da irmandade,
do dogma?
Conformamo-nos, na leitura, a exigir que
se diga no contexto de nossa compreensão, na
forma estabelecida para enquadramento de todos
os discursos. Quero lembrar como se faz para
ser bom de novo. Quando é que uma forma
envelhece e passa a ser uma mentira? Talvez
quando ela subjuga nosso olhar e nosso movimento.
Posso ser “bom de novo” com nova sintaxe,
em nova espacialidade ou só quando aceito
a uniformidade da travessia da ponte, gado direcionado
(ao matadouro ou à invernia?).
nesses tempos
um ato legislativo do Governo; “milhares de minutos
de silêncio” é um engasgo pela morte de
Marielle; “80 tiros” repercutem os disparos que
continuam a espocar nas comunidades. O poema
“memória” – “essa lâmina que não vem só com
corte mas o cheiro dos móveis o vapor do olhar
a temperatura do dolo”. Dheyne de Souza traz
alento para que nosso olhar não envelheça.
Depois de uma das muitas leituras de Lâminas,
de Dheyne de Souza, andei pelas cercanias
de minha quadra para olhar quais vizinhos
estavam despertos e para olhar se a poesia interfere
na consciência coletiva. Os besouros estavam
com a mesa posta a se alimentarem de folhas
de hibisco.
algo vai enfraquecendo
a direção do olhar
E Dheyne de Souza tem esta sabedoria de
não fugir, de resistir, pois o verso perderia muito
se não remetesse à necessidade de o Homem
recuperar a consciência de ser/ser civilizado, de
não enfraque/cer o olhar. No ato de olhar correto,
a decisão não sai envilecida. Alguns poemas
fortalecem a presença ativa da poesia: “MP
870” tem seu sentido histórico, pois até os pássaros
“amanhecem alarmados” com adoção de
* Salomão Sousa
Nasceu em Silvânia GO, é poeta, jornalista e aposentado do Poder Executivo
Federal. Reside em Brasília. Estreou em 1979 com A moenda dos dias, ao qual
se seguiu uma dezena de títulos. Sua bibliografia inclui livros de poesia, de crítica
e organização e participação de antologias.
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