Chicos 66 - 18.10.2021
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Chicos
Tango
*Amelia Arellano
Para José del Carmen Pérez
com meu agradecimento
Vem, amor, abraça-me na vertigem do tango.
Trago tatuada em minha raça a fogueira daquele tango Sur.
Vem, amor, façamos a guerra do amor na Praça de Maio.
Toma-me qual anjo nu e desapiedado.
— Não há piedade para as tiranias, não —
Corpo a corpo, espinhos de trigais de vida.
Suave e firmemente. Com os olhos cerrados à noite.
Decifremos o santuário dos deuses.
Peremptórios.
Avancemos piafando liberdades. Cara a cara. Lua a lua.
De que nos serve esta cidade? Fome a fome.
Cara e seca.
Envolve tuas ramas em minha cintura de pensamentos negros.
Sente como incrusto meus peitos de expectante colostro.
Olha em redor. Já não há gritos, não há cânticos.
Só tango.
Avancemos. Implacáveis. Inclementes. Inflexíveis.
Não há castigo que baste para o dominio das sombras.
Cala, amor, quero jazer nos campos sonolentos do teu corpo.
“Em revolução os métodos hão de ser calados e os fins públicos”
Vem. Abraça-me assim na vertigem calada do tango.
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