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Chicos 66 - 18.10.2021

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Chicos

E se despe na pág. 55 quando Durmo com

teus versos/ sob o travesseiro/ para me perdoar

dos meus. Seria um diálogo com Drummond ou

com Vinicius de Moraes ou com todos os grandes

e consagrados da literatura nacional?

Pouco importa, pois o tema da finitude

aparece na página 68, relacionado à ausência da

poesia:

Haverá um dia

esse, sem poesia

em que Ela virá

Nesta obra os temas solidão, caverna, lobo,

tempo, morte, caminho estarão sempre dançando

com a poesia, este estado de espírito libertador.

Sofro poesia

A confissão na página 87, não solução,

mesmo com poesia, a vida é

Sonho sem fantasia

...

Era época de poema processo, pósconcretismo,

anos setenta. Um dia, numa aula

de algoritmos, às escondidas, coloquei num terminal

remoto o IBM da empresa pra concatenar

palavras. Saiu nenhuma poesia.

Há quem use algoritmos para fazer romances,

com certeza novelas e filmes usem. Máquinas

de gerar sentimentos em humanos. Alguém

pode estar fazendo haicais com essas ferramentas?

Lenzi nos lembra que poesia é algo mais.

...

Lanço/ olhares alhures/ e pergunto. Isto na

página 141 e não importa a questão nem a resposta,

olhar alhures, em outros lugares e perguntar

é tudo que necessitamos nestes tempos de

certezas inegociáveis. A pressa do nosso tempo

(o dinheiro/capital é um bit que voa na velocidade

da internet que à velocidade da eletricidade

empurra tudo) não permite perguntas sem respostas,

dúvidas.

...

Nas pranchetas a gente desenhava letras a

nanquim com uma ferramenta chamada aranha.

(Uma caneta numa ponta, noutra uma agulha no

sulco de uma taboinha com o alfabeto em baixo

relevo. Dedos desavisados sofriam dolorosos furos

por esta agulha donde a aranha vir com o

adjetivo de venenosa.) Paciente, a mão direita

contornava as letras num ritmo suficiente para

cobrir de tinta o papel sem perder o sulco, evitando

deformar o traço. O movimento gostoso

do o, contrastava com a dificuldade do m. O

tempo escorria, o movimento mecânico até liberava

o cérebro pra outros pensamentos, algumas

perguntas talvez.

Hoje não mais (pág. 75)

Nesta casa

tudo que cantava

e era vida

hoje silencia.

...

Em O Homem e a cadeira na página 151,

o poeta se entrega.

Passou por mim

E senti inverno

Em sua alma também.

Conheci Lenzi quando li um texto dele no

jornal do nosso sindicato, histórico Bodinho q

abrigou iniciantes como o chargista músico analista

político Aroeira e outros. O dia que o

leão visitou o circo balançou as estruturas quase

calcificadas da estatal e fez um furor tão

grande que o autor amargou um ano de desemprego,

só sendo reconduzido após muitas negociações

entre a direção do sindicato e a da empresa

(um filho de general era presidente, óbvio,

eram tempos de ditadura).

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