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levar" (Hb 13:9) evocam imagens de vento e água, que arrastam as coisas. O uso dessa figura
lembra a metáfora náutica usada por Paulo em Hebreus 2:1: “para que não nos desviemos",
ou não fiquemos à deriva. Ali, Paulo fez questão de alertar seu público a prestar
atenção ao que ouviam daqueles que testemunhavam de Cristo. Naquela época, o público
corria o risco de se afastar do Senhor. Paulo lembrou à sua audiência daqueles grandes
mestres e líderes e pediu que imitassem sua fé (Hb 13:7). Enquanto os líderes vêm e vão,
Cristo é constante. Entretanto, erros espirituais sempre existiram. Por isso, o público corria
o risco de ser levado por doutrinas que pareciam estar em oposição ao que ouviram de
seus mestres e líderes e são descritas por dois adjetivos: “diferentes e estranhas” (Hb 13:9).
Paulo diz à sua audiência que o coração é fortalecido pela graça, não pela comida.
A antítese entre alimento (um símbolo do que é temporal) e graça (um símbolo do que é
eterno) é empregada com frequência pelos escritores da Bíblia para mostrar a diferença
entre esta existência temporária e algo muito melhor. Paulo, por exemplo, afirmou:
“O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo"
(Rm 14:17). Da mesma forma, ele admoestou os cristãos em Corinto: “Não é a comida que
nos torna agradáveis a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos,
se comermos" (ICo 8:8). Na verdade, o alimento muitas vezes trouxe divisão na igreja
primitiva (Rm 14:1-3), assim como no presente.
Qual é o problema específico que Paulo abordou em Romanos 14:1-3? Alguns estudiosos
afirmam que os membros da comunidade de fé na igreja de Roma defendiam o consumo
de carne oferecida a ídolos, algo semelhante ao problema enfrentado pela igreja
em Corinto (ICo 8 e 10). A comparação entre Hebreus e 1 Coríntios mostra claramente
que Paulo usou uma linguagem muito mais contundente a respeito do alimento oferecido
aos ídolos (ICo 8:12) do que em Hebreus (“o que vale é ter o coração confirmado com
graça e não com alimentos" [Hb 13:9]). Portanto, muito provavelmente, a questão em
Hebreus não seja alimento oferecido a ídolos.
Outra opção mais provável, que inspirou o alerta em Hebreus 13:9, seria uma refeição
de culto. 0 que há em favor dessa ideia? Consideremos três possibilidades escriturísticas.
Em primeiro Lugar, o contexto imediato parece aludir ao consumo de alimentos ligados
às refeições sacrificais judaicas. Paulo declarou: “Temos um altar do qual os que ministram
no tabernáculo não têm o direito de comer" (Hb 13:10). Aqui, Paulo estava fazendo
uma alusão aos sacerdotes do AT que comiam das ofertas sacrificais no tabernáculo.
Em segundo lugar, a mesma palavra “alimento" é usada em Hebreus 9:9,10, onde lemos:
“Isso é uma parábola para a época presente, na qual se oferecem dons e sacrifícios"
que “não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, bebidas e diversas
cerimônias de purificação, impostas até o tempo oportuno de reforma." Paulo enfatizou
o mesmo ponto de Hebreus 13:9, em que os sacrifícios cerimoniais não podem
aperfeiçoar a consciência; em vez disso, tratam de comida e bebida e várias purificações
cerimoniais. Essa é a razão pela qual o público não devia seguir ensinamentos estranhos,
pois essas refeições cerimoniais de sacrifício eram inúteis até mesmo para aqueles que as
praticavam (literalmente, andavam nelas). Os cristãos participam de um sacrifício muito
superior a qualquer refeição sacrifical (compare com Hb 13:10-12).
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Hebreus: mensagem para os últimos dias