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edição de 17 de janeiro de 2022

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mkt<br />

Kim Becker/Unsplash<br />

A dança<br />

das ca<strong>de</strong>iras<br />

“O anel que tu me <strong>de</strong>stes era<br />

vidro e se quebrou, o amor que tu<br />

me tinhas era pouco e se acabou”<br />

Cantigas <strong>de</strong> Roda<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

mundo vive hoje uma espécie <strong>de</strong> dança<br />

O universal das ca<strong>de</strong>iras, lembram?<br />

Aquela brinca<strong>de</strong>ira que se fazia nas casas<br />

<strong>de</strong> família, e nos programas <strong>de</strong> televisão,<br />

on<strong>de</strong> sempre tinha uma ca<strong>de</strong>ira a menos do<br />

que o número <strong>de</strong> participantes. E quando<br />

a música parava <strong>de</strong> tocar todos tinham <strong>de</strong><br />

sentar. O que permanecesse em pé, pela<br />

falta da ca<strong>de</strong>ira, estava <strong>de</strong>sclassificado.<br />

De certa forma, hoje o mundo vive uma<br />

gran<strong>de</strong> dança das ca<strong>de</strong>iras. A música começou<br />

em ritmo <strong>de</strong> valsa lenta, foi acelerando,<br />

hoje já está entre samba canção e bossa<br />

nova, e muito proximamente vai virar frevo.<br />

E o número das ca<strong>de</strong>iras nos territórios<br />

convencionais cada vez mais diminuindo.<br />

Nos novos territórios infinitas ca<strong>de</strong>iras<br />

a serem <strong>de</strong>scobertas e conquistadas, mas,<br />

nos tradicionais, as ca<strong>de</strong>iras estão terminando.<br />

É o que acontece hoje no mundo.<br />

Um mundo velho encerrando suas ativida<strong>de</strong>s,<br />

o número <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iras – mercado –<br />

diminuindo, e muitas empresas <strong>de</strong>scobrindo-se<br />

em pé e perdidas, e, retirando-se.<br />

Essa dança já começou em nosso país e<br />

vai se acelerando. Das gran<strong>de</strong>s e tradicionais<br />

empresas, três já não tinham mais ca<strong>de</strong>iras<br />

para sentarem-se, per<strong>de</strong>ram mercado, relevância,<br />

competitivida<strong>de</strong> e, como na canção<br />

<strong>de</strong> roda Ciranda, Cirandinha: “por isso, dona<br />

Chica, entre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa roda, diga um verso<br />

bem bonito, diga a<strong>de</strong>us e vá embora”. E<br />

assim partem Ford, Merce<strong>de</strong>s e Sony.<br />

Hoje, no Brasil, milhões <strong>de</strong> compradores<br />

dos produtos Sony muito preocupados. Como<br />

proce<strong>de</strong>r em relação aos produtos que<br />

compraram nos últimos anos, meses, semanas,<br />

se <strong>de</strong>r problema...<br />

E aí, como era <strong>de</strong> se esperar, estabelece-<br />

-se o conflito e multiplicam-se as opiniões.<br />

Segundo alguns, lastreados no Código<br />

<strong>de</strong> Defesa do Consumidor, as empresas<br />

permanecerão responsáveis por seus produtos<br />

<strong>de</strong> acordo com a vida útil prevista<br />

para cada um <strong>de</strong>les. Pergunta: quem vai<br />

<strong>de</strong>terminar qual era a vida útil prevista?<br />

Já outros dizem que toda a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor<br />

é responsável. E não apenas os fabricantes.<br />

Assim, em caso <strong>de</strong> questionamentos<br />

na Justiça, respon<strong>de</strong>m não apenas os fabricantes<br />

como os reven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> automóveis,<br />

o varejo <strong>de</strong> produtos, e outros agentes<br />

econômicos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor.<br />

Tentando prevenir todas as contendas<br />

que certamente acontecerão nos próximos<br />

meses e anos, o Procon <strong>de</strong> São Paulo<br />

vem procurando compor-se com as empresas<br />

retirantes estabelecendo uma espécie<br />

<strong>de</strong> pacto <strong>de</strong> relacionamento com os<br />

consumidores <strong>de</strong> boa-fé que compraram<br />

seus produtos.<br />

Com a Ford, por exemplo, o Procon-<br />

-SP celebrou um acordo em que a Ford<br />

compromete-se ao fornecimento <strong>de</strong> peças<br />

enquanto seus automóveis seguirem<br />

rodando... E agora tenta fazer o mesmo<br />

com a Sony.<br />

Ou seja, amigos, nas <strong>de</strong>spedidas, vão se<br />

os vínculos emocionais, e exacerbam-se as<br />

dúvidas, inseguranças e questionamentos.<br />

Quando uma empresa fecha, ou retira-<br />

-se, todos per<strong>de</strong>m. Uma empresa, mais que<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dono, donos ou acionistas,<br />

é um bem da socieda<strong>de</strong>.<br />

“A Barata diz que tem sete saias <strong>de</strong> filó/É<br />

mentira da barata, ela tem é uma só/Ah ra<br />

ra, iá ro ró, ela tem é uma só!”<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

12 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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