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Chicos 68 - 08.04.2022

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Poesia de muitas faces

Chicos

* Paulo Lima

O título do novo livro de poesia de Jeová

Santana, ESTILHAÇOS (Editora Mondrongo),

já anuncia o mote que o constitui. Trata-se de

um apanhado das muitas andanças, físicas e

poéticas, que o autor realizou nos últimos

anos.

Por esse motivo, a recolha se apresenta

caleidoscópica, às vezes colada às circunstâncias,

às vezes atemporal.

Duas partes dão forma ao livro, nomeadas

por dois neologismos: Palavração e Andarilhagens.

A primeira parte é composta por poemas

que explicitam as muitas referências literárias

do autor - suas imersões no cânone poético

que inclui Bandeira, Drummond, Cabral, Jorge

de Lima. E por formas que incluem o verso

livre, o soneto, o haicai, e até incursões pelo

cordel.

Esses poemas trazem uma defesa apaixonada

e visceral da poesia, como uma

"âncora" que possibilita nos manter respirando.

"Talvez só a poesia deixe traço/como leveza

da tarde e beijo/no oscilar da memória e

espaço", dizem os versos do "Poema do esquecimento".

O poeta, contudo, reconhece que nestes

tempos tão materiais, a poesia enfrenta outros

rumos e desafios. "A escrita de hoje é outro

pique:/pintura de ferozes demandas,/neón em

negra fulô de butique", constata no poema "A

casa de Jorge de Lima", no qual dialoga com o

poeta alagoano.

É com esse "outro pique" que Jeová

Santana, na segunda parte, expõe as percepções

de seu estar no mundo, traduzindo as suas

múltiplas perambulações de poeta e professor,

em cidades como Aracaju, Maceió e São

Paulo.

Nesse mosaico cabe a aflitiva realidade

brasileira, com seus absurdos aparentemente

inesgotáveis, explorados numa combinação de

linguagem rigorosa, abusada e irônica, em versos

tecidos entre o lirismo e a acidez. "Haja

Maria,/haja penha,/haja lenho,/haja energia/

para impedir/esta epidemia,/a lista infinda/de

todo dia", anota no poema "As Marias, as penhas".

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