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Chicos 68 - 08.04.2022

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Chicos

As vezes a esperança de um belo dia vem

do zodíaco:

"A hora do meu quase morrer

um esplêndido dia

aos nascidos em Touro.

Ou estes versos de rara beleza imagética:

"Um dia pela tardinha ficou estupefato,

como um urbano vendo um canário."

Nas lembranças da infância pobre, a inocência

dos primeiros anos dando a revelação da

vida entre dores e crenças, dúvidas, e de quebra,

desenganos:

" Nós, os não escolhidos, sem esperanças

de ter os lábios colados pelo néctar dos anos

corríamos da amarga ira do Sr Teodoro."

A matemática da fome não acompanha a

velocidade da locomotiva que leva a riqueza da

terra, apitando alto para assustar os desvalidos:

"Cento e dois vagões de minério contou

um mendigo com sua fome toda "

O amor, signo e significado a pairar sobre

a curiosidade do menino diante de um suicídio:

"E em meio a risinhos safados, entreouvi a

palavra amor balbuciada pelas outras infelizes.”.

Acir Simões parece as vezes incursionar

por outros temas, bora se atenha aos mesmos

processos em suas criações. Neste poema de

apenas quatro versos, recorre a metalinguagem

trazendo a pauta outra habilidade, a metalinguagem.

"Traço sombra a compor cara e tormento.

Em cada lágrima

escorre um rosto."

Instantes de pura poesia nos oferece Acir

Simões neste seu livro de poesia, que certamente

irá satisfazer aqueles leitores que buscam num

livro tudo que um ótimo autor pode expressar.

***

Nascido em Cataguases-MG, Acir Simões

era formado em Direito, advogado e bancário

aposentado. Desde cedo, interessou-se pela

poesia. Publicava poemas no jornal do Grêmio

do Colégio Cataguases e nos fanzines da

cidade. Já em idade madura, decidiu reunir os

seus melhores textos e submetê-los para avaliação

na Caos & Letras. Seus versos trazem a recordação

do melhor da poesia mineira e abordam

temas universais como a morte, o amor e o

tempo com lirismo e singularidade. Aprovado

para publicação, Acir se foi antes de ver o seu

livro inédito vir ao mundo. Faleceu por complicações

decorrentes da covid-19 em junho de

2021. Devido ao atraso das vacinas e a má gestão

de crise do governo federal, não pôde tomar

a segunda dose e se imunizar. Em tributo ao

nosso autor, a Caos & Letras manteve o projeto

da publicação junto à família. A obra tem prefácio

de Ronaldo Cagiano, orelha de Adriane Garcia

e um poema de apresentação escrito por

Marcos Bagno.

Editora: Caos e Letras (2022)

Páginas: 90

ISBN: 978658080409

https://www.caoseletras.com/

* Emerson Teixeira Cardoso

Nasceu em Cataguases MG, é autor de Símiles (2001) poesia, coautor de A casa

da Rua Alferes e outras crônicas (2006). Traduziu O retorno do nativo de Thomas

Hardy. Sempre ativo em publicações literárias. Iniciou-se em Estilete (1967),

mimeografado, editor/fundador do Delirium Tremens (1983) e Trem Azul

(1997).

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