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Contemplávamos, embevecidos,
tudo o que ia acontecendo à nossa volta,
que não era pouco... Sem surpresas, o maior
espetáculo ao qual assistiríamos naquela
tarde seria, definitivamente, nas bancadas.
Naquele momento, tudo era alegria,
alegria essa partilhada entre velhos, novos,
mulheres, homens, todos empenhados no
mesmo: apoiar o Lanús. E se mais nada for,
que o futebol continue a ser esse espaço
no qual, durante 90 minutos, mesmo sendo
diferentes, remamos todos para o mesmo
lado.
Entre ritmos mais ou menos
conhecidos, assistimos, extasiados, a
um apoio sem intervalo, sem pausa,
absolutamente frenético, capaz de contagiar
as restantes bancadas do estádio. Ao mesmo
tempo, acontecia algo típico na Argentina:
as crianças, movidas pelo sonho de um dia
estarem no relvado do Néstor Díaz Pérez,
iam jogando (e bem) na parte mais baixa da
bancada.
No relvado, o Lanús, de Cristian
Lema (ex-Benfica), venceu por duas bolas a
uma. O Sarmiento de Junín, que regressou a
casa de “mãos a abanar”, ainda contou com
o contributo de Lisandro López, avançado
com passagem pelo Porto que, aos 40 anos,
continua a fazer golos no país de origem.
Terminado que estava o primeiro
encontro, a expectativa só tinha aumentado.
Estava por vir aquele que seria, com toda a
certeza, um dos dias mais emocionantes na
nossa vida enquanto adeptos de futebol.
Um dia, dois clássicos
Antes de partirmos com destino à
Argentina, tudo foi preparado ao detalhe.
Entre pesquisas e contactos com
os clubes, ficámos a par de tudo o que seria
necessário fazer para termos acesso aos
jogos aos quais queríamos acorrer – tudo
dependeria de datas e horários.
Neste processo, fizemo-nos sócios
de vários clubes por forma a não vermos
qualquer possibilidade gorada. O Rosário
Central e o River Plate foram dois deles,
sendo que aguardávamos ansiosamente as
datas, já que o Rosário defrontaria o Boca no
famoso Gigante de Arroyito, e o River Plate
mediria forças com o Independiente nessa
jornada. Dois grandes “clássicos”, portanto.
Assim que as datas foram reveladas,
cerca de dez dias antes, percebemos que
tínhamos um problema em mãos… o Rosário
defrontaria o Boca às 15h30 de domingo,
23 de abril, ao passo que o River Plate
defrontaria o Independiente a partir das
20h30 do mesmo dia.
299 km (e 3h16 de carro, segundo
o Google Maps) separam Rosário e Buenos
Aires. Estivemos a ponto de abdicar de um dos
desafios, até que descobrimos que, através
de dois voos das Aerolíneas Argentinas, a
aventura seria “fazível”.
Saímos de Buenos Aires bem cedo,
com destino a Rosário. Em menos de uma
hora, aterrámos no Aeropuerto Internacional
Rosario “Islas Malvinas”.
Apanhámos um táxi (que nos
garantiu termos tido sorte por se tratar de
um domingo de manhã tão cedo) que nos
levaria para o centro da cidade, coisa que
acabou por não acontecer quando dei conta
de que, à nossa direita, estava nada mais
nada menos que o estádio Marcelo Alberto
Bielsa, casa do Newell’s Old Boys. Pedimos
para sair precisamente ali (ainda que não
soubéssemos a quanto tempo estávamos
do centro), de forma a visitarmos mais
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