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Cultura de Bancada, 18º Número

Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de agosto de 2023

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antes do tempo. Portanto, não havia forma

de o rentabilizar para poder fazer uma equipa

e não depender de mim. No modelo em

que estava feito, não era possível torná-lo

um projecto construído e entregá-lo como

entreguei o Grupo Nortada a outras pessoas

e dizer “agora vou à minha vida e apareço de

vez em quando”. De certa forma, isso não

dava para fazer com o Ultras 12, porque na

altura dependia muito da minha capacidade

técnica. Depois, tinha que fazer outras coisas

na minha vida, não podia dedicar cinco horas

por dia, e acho que deixei de estar on-line

algures na época 2004/2005.

Desde que o projecto acabou nunca mais

existiu um fórum público do género com

a mesma dimensão do Ultras 12. Por que

é que achas que nunca mais se replicou o

mesmo estilo de projecto? Deixo claro que

existiram alguns projectos, inclusive de troca

de materiais, mas nunca atingiram a mesma

dimensão.

Olha, eu acho que é preciso três coisas

fundamentais para um projecto assim.

Primeiro é preciso querer muito, depois

é preciso saber fazer e depois é preciso

saber resistir, que é o mais difícil. Resistir a

várias coisas. Resistir às tentações, resistir à

preguiça, resistir a muita coisa. Isto dá muito

trabalho e conseguir conjugar estas três coisa

é difícil. Desde logo é preciso querer muito.

Portanto, fazer isto é extremamente difícil.

Fazer de forma não comercial, como fiz,

implica várias coisas. Implica ir com calma,

implica ganhar a credibilidade das pessoas

e dos grupos para cederem colaboração, o

que demora anos a conseguir. Se o fizeres

pelo lado comercial, a maioria dos grupos e

claques por natureza vão resistir - pelo seu

ADN vão resistir a isto. É complexo fazer

isto, acho muito normal que não tenha

acontecido um projecto com tanta explosão.

É improvável que venha a acontecer, a menos

que aconteça com uma dimensão comercial,

que acrescente valor e que, de alguma forma,

consiga pagar o trabalho de anos a fio em

cima do corpo. Atenção que, no fundo, como

eu sei, tu e muitas pessoas fazem trabalho

não remunerado em prol dos seus grupos, em

prol dos seus clubes, e isso acontece de uma

forma mais ou menos estruturada, e até diria

que de forma mais ou menos desconhecida na

nossa vida, nos nossos núcleos, pais… Enfim,

por todo o lado. No contexto de projectos

intra-grupo, apesar de tudo, é menos difícil

concretizar (depende dos grupos), sobretudo

quando a informação constante aparece

mais facilmente. Hoje vivemos de explosão

instantânea, portanto um projecto tipo Ultras

12 teria de viver de uma colaboração que

não seja à la Twitter, precisa de automações

com valor acrescentado. Há projectos activos

sobre os clubes, há projectos activos de

algumas claques, há outros projectos activos,

mas de facto nenhum teve a dimensão do

Ultras 12. É improvável que estas coisas todas

voltem a conjungar-se, é só isso.

Que projectos de comunicação ultra

conheces em actividade actualmente,

quer no panorama ultras nacional, quer

internacional?

Em primeiro lugar não sigo muitos projectos,

e não tenho a certeza se é porque não há

muitos bons. ou se é porque eu não tenho

dedicado tanto tempo a isso. Sinceramente

não tenho a certeza. A minha perspectiva

é a de que a informação está polvorizada,

portanto, nos últimos anos, nunca encontrei

uma referência de um sítio onde eu possa ver

as várias coisas juntas. Como também tenho

amigos aqui e ali e vão-me mandando coisas,

links e assim, eu vou fazendo perguntas como

outsider. Não faço um consumo diário e não

tenho bem a noção. Acho que não há uma

referência assim fantástica, mas é meramente

opinativo. Se calhar até há e eu não conheço.

Sentes alguma mágoa em relação ao tempo

do teu projecto e à filosofia de internet que

se vive hoje em dia nos grupos em Portugal e

no resto do mundo?

Acho é que se perdem oportunidades de

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