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Cultura de Bancada, 18º Número

Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de agosto de 2023

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realidades em crescimento à penumbra da

hegemonia dos “três grandes”, tornando-se

assim difícil conseguirem afirmar-se.

Em Itália, embora haja uma situação

semelhante com os três grandes clubes:

Juventus, Inter e Milan, que têm um maior

número de adeptos, de um modo geral,

do ponto de vista dos ultras, a verdadeira

força do movimento italiano está em todos

os clubes históricos e chamados “clubes

provinciais”. No primeiro caso, Lazio, Roma,

Cagliari, Napoli e Verona, e no segundo,

Catania, Lecce e Salernitana, para citar alguns

exemplos.

Estreitamente ligada à disparidade

de representação entre clubes “grandes” e

“pequenos” está a falta de uma verdadeira

ligação com o clube da cidade para o

movimento Ultra português. Isto é notado

pela pouca relevância, em muitos casos

nenhuma, que a maioria dos encontros do

calendário a contar para o campeonato

nacional tem para os ultras, com exceção

dos clássicos e dos dérbis, que sempre

proporcionam uma atmosfera fascinante

nas bancadas, com coreografias, cânticos

e provocações, e que certamente estarão

entre os melhores espetáculos ultras a nível

europeu.

O lema “Apoia o clube da tua terra”

aparenta não ter grande sucesso em Portugal,

pelo menos por enquanto. Já em Itália,

essa especificidade representa um ponto

muito forte, pois em qualquer deslocação,

mesmo nas divisões menores, há perigos

e desafios devido à presença generalizada

de grupos ultras de clubes que jogam tanto

nas principais como nas divisões inferiores.

Assim, de Trento a Agrigento, é sempre

possível encontrar encontros interessantes.

De qualquer forma, para os

grupos ultras portugueses, o que supre a

falta de relevância e tensão nos jogos do

campeonato nacional é a dimensão europeia.

A participação dos clubes portugueses

nas competições europeias proporciona

dinamismo e intensidade diferentes. Nos

jogos europeus, é extremamente importante

o apoio e a presença dos ultras, inclusive

dos núcleos radicados fora de Portugal.

Isso deve-se ao fenómeno dos emigrantes

portugueses e das numerosas comunidades

portuguesas no estrangeiro, coisa que é um

aspecto interessante e que difere claramente

do movimento italiano nos últimos anos.

O grande denominador comum

entre os ultras portugueses e italianos é a

presença constante da faixa do grupo em

qualquer lugar, sendo extremamente raro

não ver as insígnias do grupo em qualquer

viagem.

Outra diferença entre estas duas

realidades é a escassa solidariedade entre

os ultras. Além das cores e das rivalidades,

em relação a esta matéria parece não haver

sintonia entre Itália e Portugal, excepto em

alguns casos incomuns. Apesar da acérrima

rivalidade inerente à realidade italiana,

existe uma espécie de respeito e código

de conduta que é observado. Por outras

palavras, pode dizer-se que existe um modelo

de comportamento uniforme, bastando

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