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realidades em crescimento à penumbra da
hegemonia dos “três grandes”, tornando-se
assim difícil conseguirem afirmar-se.
Em Itália, embora haja uma situação
semelhante com os três grandes clubes:
Juventus, Inter e Milan, que têm um maior
número de adeptos, de um modo geral,
do ponto de vista dos ultras, a verdadeira
força do movimento italiano está em todos
os clubes históricos e chamados “clubes
provinciais”. No primeiro caso, Lazio, Roma,
Cagliari, Napoli e Verona, e no segundo,
Catania, Lecce e Salernitana, para citar alguns
exemplos.
Estreitamente ligada à disparidade
de representação entre clubes “grandes” e
“pequenos” está a falta de uma verdadeira
ligação com o clube da cidade para o
movimento Ultra português. Isto é notado
pela pouca relevância, em muitos casos
nenhuma, que a maioria dos encontros do
calendário a contar para o campeonato
nacional tem para os ultras, com exceção
dos clássicos e dos dérbis, que sempre
proporcionam uma atmosfera fascinante
nas bancadas, com coreografias, cânticos
e provocações, e que certamente estarão
entre os melhores espetáculos ultras a nível
europeu.
O lema “Apoia o clube da tua terra”
aparenta não ter grande sucesso em Portugal,
pelo menos por enquanto. Já em Itália,
essa especificidade representa um ponto
muito forte, pois em qualquer deslocação,
mesmo nas divisões menores, há perigos
e desafios devido à presença generalizada
de grupos ultras de clubes que jogam tanto
nas principais como nas divisões inferiores.
Assim, de Trento a Agrigento, é sempre
possível encontrar encontros interessantes.
De qualquer forma, para os
grupos ultras portugueses, o que supre a
falta de relevância e tensão nos jogos do
campeonato nacional é a dimensão europeia.
A participação dos clubes portugueses
nas competições europeias proporciona
dinamismo e intensidade diferentes. Nos
jogos europeus, é extremamente importante
o apoio e a presença dos ultras, inclusive
dos núcleos radicados fora de Portugal.
Isso deve-se ao fenómeno dos emigrantes
portugueses e das numerosas comunidades
portuguesas no estrangeiro, coisa que é um
aspecto interessante e que difere claramente
do movimento italiano nos últimos anos.
O grande denominador comum
entre os ultras portugueses e italianos é a
presença constante da faixa do grupo em
qualquer lugar, sendo extremamente raro
não ver as insígnias do grupo em qualquer
viagem.
Outra diferença entre estas duas
realidades é a escassa solidariedade entre
os ultras. Além das cores e das rivalidades,
em relação a esta matéria parece não haver
sintonia entre Itália e Portugal, excepto em
alguns casos incomuns. Apesar da acérrima
rivalidade inerente à realidade italiana,
existe uma espécie de respeito e código
de conduta que é observado. Por outras
palavras, pode dizer-se que existe um modelo
de comportamento uniforme, bastando
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