12.08.2023 Views

Cultura de Bancada, 18º Número

Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de agosto de 2023

Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de agosto de 2023

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e narrativas baseadas em jogadores para

conseguir desfrutar de um jogo. Os clubes

da Major League Soccer não se importam

de obedecer a esta lógica. Esse tipo de amor

pelo desporto pode funcionar na NBA e na

NFL, lugares onde os clubes americanos

são capazes de acumular todo o talento do

mundo, fazendo com que haja um equilíbrio

entre qualidade e reputação. No entanto,

no futebol, isso acaba por resultar na

compra de lendas que são depois levadas a

desfilar pelo país como se fossem animais

de circo. Isto atrai um certo tipo de adepto

- aquele que vem ver uma estrela em vez

de uma equipa. Este tipo de adepto está tão

afastado da mentalidade dos ultras como

Portugal está geograficamente da Coreia do

Sul. Por exemplo, quando Lionel Messi foi

substituído aos 75 minutos no seu segundo

jogo pelo Inter Miami, centenas de pessoas

abandonaram imediatamente o estádio. Para

elas, isso fazia sentido. O motivo que os levou

a visitar o estádio tinha desaparecido, não é

verdade?

Os adeptos norte-americanos são

também vítimas da dimensão gigantesca do

país onde residem. Nos EUA, as deslocações

não são se resumem a uma questão de

horas a “perder”, mas sim de dias. Em países

onde existe uma longa e intensa história

de apoio ao clube de futebol local, isto

pode não constituir necessariamente um

problema inultrapassável. Mas os Estados

Unidos simplesmente não estão, e talvez

nunca venham a estar, ao nível de um país

como a Indonésia, onde milhares de adeptos

se juntam alegremente em viagens de

autocarro de 30 horas ou mais para seguirem

cegamente o seu clube. Embora os ultras do

LAFC estejam a tentar resolver este problema,

ao organizarem viagens fora de casa com

a maior frequência possível, a perspetiva

de uma cultura adepta que viva fora da sua

habitual casa parece tão distante como a

chegada de vida extraterrestre à Terra.

Em suma, há certamente muitas

colinas a subir para as boas pessoas dos

EUA que tentam construir uma cultura

futebolística vibrante e real. Mas, sem

que muitos europeus o saibam, graças aos

esforços dessas mesmas pessoas, a cultura do

futebol por estes lados tem vindo a melhorar

a passos largos na última década. O facto de

estas pessoas estarem a fazer tudo o que

está ao seu alcance para mudar a cultura

prevalecente, para grande divertimento

dos guerreiros dos teclados espalhados por

todo o mundo, não merece senão o nosso

respeito. Ir contra a corrente puramente por

amor à cultura ultra é louvável. E está a dar

os seus frutos. Do meu ponto de vista, os

ultras do LAFC estão a liderar esta nova era

da cultura do futebol nos Estados Unidos,

quer as pessoas se apercebam disso ou não.

Podemos não saber qual é a meta de todo

este empreendimento, mas, por agora, uma

coisa é certa: o único caminho possível é

prosseguir a subida.

Por Lars Smit (colaborador do In de Hekken,

projeto digital de adeptos com projeção

nos Países Baixos e na Bélgica). Tradução de

Daniel Santos

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!