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Cultura de Bancada, 18º Número

Cultura de Bancada, 18º número, lançado a 12 de agosto de 2023

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VER DE FORA, POR DENTRO

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Comparação entre movimentos

Ultra: O ponto de vista dum italiano que vive

em Portugal.

A minha aventura nas bancadas

dos estádios portugueses começa em 2018.

Tudo aconteceu como sempre acontece,

entre jogos em horários improváveis,

cervejas, viagens e amizades, representando

a verdadeira essência do tifo, do grupo de

ultras.

Este artigo sobre as semelhanças

e diferenças do movimento Ultras na Itália

e em Portugal nasceu da amizade e da troca

de impressões e pontos de vista em muitas

conversas com dois grandes amigos, o Lino

e o Lorenzo. Claro que este não será uma

análise académica ou uma teoria pretensiosa

sobre as dinâmicas do fenómeno ultra, é

simplesmente o fruto da experiência de

quem vive o grupo nas bancadas, com uma

paixão genuína.

Como é sabido em toda a parte, o

futebol italiano influenciou o mundo, assim

como o inglês, e em Portugal também se

transmitiu a sua influência para vários grupos,

seja em termos estéticos, coreográficos, de

estilo ou de organização. Basta pensar no

Colectivo 95, nos Diabos Vermelhos ou Red

Boys, para citar alguns exemplos. Há também

outras influências em solo lusitano, como

a sul-americana - por exemplo, presente

nos Super Dragões - ou estilos emergentes

adotados pelos diversos grupos “Casuals”,

que seguem o modelo do leste europeu,

com foco principalmente em artes marciais

e confrontos em florestas, embora esse caso

seja minoritário e ainda em fase embrionária

no cenário português. Por fim, há o caso

peculiar dos No Name Boys, que há algum

tempo rejeitam a associação ao mundo dos

Ultras - uma realidade que não possui um

caso análogo em Itália - mas que, apesar de

sua posição incomum, ainda faz parte da

história dos Ultras portugueses.

Uma característica que se

destaca no movimento Ultra em Portugal

é a centralização do apoio nos chamados

“três grandes”: Porto, Sporting e Benfica.

A influência derivada da manifesta

superioridade desportiva e financeira desses

três grandes clubes não somente na adesão

dos adeptos em geral, mas

também no número de grupos

ultras históricos e com tradição.

Salvas as devidas exceções em

alguns casos, como o Braga, Vitória

e Boavista, o poder dos “três

grandes” em termos de números

e participação é evidente. Um

aspecto negativo do panorama

português é essa disparidade, que

acaba por relegar as pequenas

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