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VER DE FORA, POR DENTRO
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Comparação entre movimentos
Ultra: O ponto de vista dum italiano que vive
em Portugal.
A minha aventura nas bancadas
dos estádios portugueses começa em 2018.
Tudo aconteceu como sempre acontece,
entre jogos em horários improváveis,
cervejas, viagens e amizades, representando
a verdadeira essência do tifo, do grupo de
ultras.
Este artigo sobre as semelhanças
e diferenças do movimento Ultras na Itália
e em Portugal nasceu da amizade e da troca
de impressões e pontos de vista em muitas
conversas com dois grandes amigos, o Lino
e o Lorenzo. Claro que este não será uma
análise académica ou uma teoria pretensiosa
sobre as dinâmicas do fenómeno ultra, é
simplesmente o fruto da experiência de
quem vive o grupo nas bancadas, com uma
paixão genuína.
Como é sabido em toda a parte, o
futebol italiano influenciou o mundo, assim
como o inglês, e em Portugal também se
transmitiu a sua influência para vários grupos,
seja em termos estéticos, coreográficos, de
estilo ou de organização. Basta pensar no
Colectivo 95, nos Diabos Vermelhos ou Red
Boys, para citar alguns exemplos. Há também
outras influências em solo lusitano, como
a sul-americana - por exemplo, presente
nos Super Dragões - ou estilos emergentes
adotados pelos diversos grupos “Casuals”,
que seguem o modelo do leste europeu,
com foco principalmente em artes marciais
e confrontos em florestas, embora esse caso
seja minoritário e ainda em fase embrionária
no cenário português. Por fim, há o caso
peculiar dos No Name Boys, que há algum
tempo rejeitam a associação ao mundo dos
Ultras - uma realidade que não possui um
caso análogo em Itália - mas que, apesar de
sua posição incomum, ainda faz parte da
história dos Ultras portugueses.
Uma característica que se
destaca no movimento Ultra em Portugal
é a centralização do apoio nos chamados
“três grandes”: Porto, Sporting e Benfica.
A influência derivada da manifesta
superioridade desportiva e financeira desses
três grandes clubes não somente na adesão
dos adeptos em geral, mas
também no número de grupos
ultras históricos e com tradição.
Salvas as devidas exceções em
alguns casos, como o Braga, Vitória
e Boavista, o poder dos “três
grandes” em termos de números
e participação é evidente. Um
aspecto negativo do panorama
português é essa disparidade, que
acaba por relegar as pequenas